quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O PIOR DOS MUNDOS


"Operação Aloprados II": desta vez só faltou a montanha de dinheiro.

Articulista de “Veja”, Roberto Pompeu de Toledo, escreveu, certa vez, dirigindo-se à então presidenciável Heloísa Helena (PSOL), que o mundo que ela imaginava, ele não queria viver.

Pois parece que o mundo imaginado pelo PT tem o mesmo sabor. Em meio ao escândalo da quebra de sigilo fiscal de tucanos (cinco até agora), os órgãos do governo federal, evidentemente aparelhados, relutam em levar adiante as investigações e esperam que o pleito de 3 de outubro passe e a vitória de Dilma Rousseff se confirme para tomar qualquer providência.

A diferença entre o episódio dos Aloprados I, de 2006, e os Aloprados II (a missão, em 2010) é a ausência da montanha de dinheiro, cuja origem, observe-se, nunca foi revelada.

O caso mais fresco, mas não mais recente, foi o da quebra de sigilo de Verônica Serra, filha do presidenciável José Serra (PSDB) e quinta tucana a ver sua declaração do imposto de renda invadida sem motivo justificado.

Desta vez, falsificou-se a assinatura de Verônica, o carimbo do cartório, o reconhecimento da firma e até o recibo de pagamento. A única assinatura verdadeira era a do técnico em contabilidade Antônio Carlos Atella Ferreira, que foi quem apresentou a procuração falsa para conseguir na receita os dados sigilos da filha de Serra. Impressionante foi a destreza da funcionária da receita federal que, no mesmo dia, emitiu as declarações fiscais de Verônica referentes ao exercício de 2007 a 2009.

Em declaração, Ferreira afirmou ter recebido a encomenda de um homem que estaria “interessado em prejudicar a campanha de Serra”.

Dilma Rousseff quis sair pela tangente ao afirmar que, em setembro de 2009, quando Ferreira bateu à porta da Receita, ela ainda não era candidata. Argumento frágil. Serra também não era. Mas a pré-campanha da petista já estava a todo vapor, inclusive com a contratação de Marcelo Branco, o riponga que caiu do caminhão de mudanças de Woodstock e os demais aloprados, prontos para produzir dossiês em escala industrial. A casa luxuosa, em Brasília, onde funcionaria o comitê de campanha de Dilma, também já havia sido alugada.

O que ocorreu, então, foi um crime de Estado. O mesmo, aliás, que levou o governo Lula a mandar, através da aparelhagem de órgãos públicos, quebrar o sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, que havia acusado o então todo-poderoso ministro Antonio Palocci (Fazenda) a reunir lobistas e mulheres de vida airada em uma residência de luxo no Lago Sul de Brasília, conhecida como “República de Ribeirão”.

A Folha de S. Paulo levantou a ficha policial de Ferreira, o técnico de contabilidade que recusa-se a declarar quem seria o seu cliente, e descobriu que ele tem “perfil” estelionatário. Ferreira, 62, já foi condenado duas vezes, em 1975, por lesões corporais e estupro de menor. Além disso, possui quatro CPFs, um deles em Cornélio Procópio, no Paraná; dois em cidades de São Paulo (São Sebastião e Santo André) e outro em Porto Velho (Rondônia).

O PSDB pediu a demissão do secretário-geral da Receita Federal, Otacílio Teixeira, por evidente tentativa de acobertar o episódio até que as eleições estejam definidas.
Lula, por sua vez, sempre no velho estilo “eles fazem, eu faço”, disse que a tentativa de relacionar Dilma Rousseff com o caso seria “uma leviandade”. Ora, se a produção dos dossiês partia do comitê de campanha de Dilma, a responsabilidade, por óbvio, é da candidata. Mas o aparelhamento dos órgãos do Estado, assim como os do Congresso Nacional, não permite qualquer brecha na tentativa de deslindar o caso.

O colunista Janio de Freitas (também da Folha) classificou o caso como o mais grave depois da Era Collor. Mas é pouco.


Dilma satirizada por humorista do "Pânico na TV": "eles fazem, nós fazemos". Ora, o PT não é diferente?

Dilma Rousseff, em entrevista ao Jornal da Globo, insinuou que durante o governo FHC houve também a quebra de sigilo de congressistas na “Operação Reeleição. De novo o mesmo discurso: “eles fazem, eu faço”. Ora, o PT foi eleito, em 2002, justamente para não “fazer” a mesma coisa. Fez. E pior. A declaração de Lula, em Paris, ainda ecoa nos ouvidos de muitos eleitores após o episódio do mensalão e da criação do neologismo dinheiro não-contabilizado, né não?

Para concluir, um episódio de dar engulhos: a defesa intolerante e xiita de jornalistas, dantes levados a sério, apressando-se a afirmar que tudo não passa de uma nuvem de fumaça ou que a imprensa estaria cuidando das denúncias por falta de assunto. Luis Nassif (bandolim, bandolim) e Paulo Henrique Amorim (apresentador e dublê de humorista) são exemplos dessa pequeneza servil. Ambos com mais de R$ 1 milhão de razões para defender o governo Lula.

Quanto aos escribas da paróquia, o que dizer? Trata-se de gente que nunca pisou em redações, que rasteja nos meios acadêmicos ou que regurgita nas assessorias de imprensa, sempre à sombra do PT. Estes são canalhas menores, dispostos a tudo para garantir a boquita e temerosos que ela lhes escape.

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