sexta-feira, 26 de novembro de 2010

AOS CIRCUNAVEGANTES



NÃO FOI A PREGUIÇA MACUNAÍMICA
que fez com que eu deixasse de bostar (desculpe, estou gripado) com a mesma regularidade neste blogo. Foi a praticidade. Descobri, explorando o meu perfil no FACEBOOK (www.facebook.com/marcusviniciusgomes), que há uma ferramenta chamada "Notas" que é, nada mais nada menos, que um blog com algumas limitações. Claro que, ligeirinho, uni o útil ao fútil. E espero fazer o mesmo com o Twitter (sei bostar do Tweetdeck para o Face, mas não vice-versa) e com o anacrônico e-mail, tão logo Mark Zuckerberg, o geniozinho de 26 anos que inventou essa rede social, cumpra a promessa de lançar uma ferramenta revolucionária que potencialize o item "Mensagens". Dito isso espero vê-los, leitores (todos os cinco), em meu Facebook. Sempre dando de comer ao meu ego. Aceito também afagos em dinheiro. Afinal, minha conta no Banco de Zurique precisa desempacar da casa dos seis dígitos.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O SOVIETE DA EDUCAÇÃO OU AS ONZE PRAGAS DO EGITO


O escritor Monteiro Lobato e uma de suas criações mais célebres: a boneca Emília.

A decisão unânime do Conselho Nacional de Educação (CNE) de enxergar "racismo" no livro "Caçadas de Pedrinho", de Monteiro Lobato, é a prova de que o (pseudo) conceito do politicamente correto está para o mundo moderno assim como as dez pragas do Egito estiveram para o faraó Ramsés II na era de Moisés.

Nunca se viu tanto interferência dos sovietes petistas sobre o que é ou não recomendável para a leitura de "nossas crianças". Com o risco de ser redudante, gostaria de lembrar que a preocupação, se existe, deveria ser mais com a indigência do ato de ler no país. Este sim um desafio a ser encarado pelas autoridades educacionais com a devida seriedade.

Agora se "Tia Nastácia subiu no tronco de uma árvore com a agilidade de um macaco", francamente... Macacos são ágeis mesmo ao subir árvores. É do seu métier. Portanto, pouco se me dá se Tia Nastácia fosse branca ou preta, não é mesmo? Se há "racismo", ele vem da cabeça da integrante do soviete, cujo nome, se não me falha a memória, é Nilma Lino Gomes, professora da Universidade Federal de Minas Gerais.

O livro, na interpretação de dona Nilma e do restante dos doutos do soviete, segundo publicado no Diário Oficial da União, só poderia ser usado "quando o professor tiver a compreensão dos processos históricos que geram o racismo no Brasil". Valha-nos.

Por esse conceito, qualquer estereótipo literário que inclua raça, religião, situação econômica, debilidade física ou mental, etc. estará seriamente ameaçado, ora em diante, pelo soviete da Educação.

Alguém lembrou de Shakespeare, cuja obra, de leitura complexa, certamente deve ter sido evitada por cabeças tão edulcoradas como a do Conselho Nacional de Educação. Pois a peça é acintosamente anti-semita. Será que vai para o índex também de nossos censores? Ou necessitará da devida transferência teórica aos mestres acerca do significado do judeu na história quinhentista e seiscentista?

E quanto às elites tão criminalizadas no governo Lula? Não são elas vítimas nos romances de nossos escritores, ora pagando por seus desatinos perdulários, ora triunfando sobre a plebe ignara e humilde?

De qualquer maneira, trata-se de um estereótipo e que não deve soar bem à compreensão dos nossos leitores de primeiras letras, mesmo quando o janota é devidamente castigado pela ultrajante condição de ser... rico.

Mais um pouco e estaremos queimando os livros como fizeram os nazistas e os stalinistas, em períodos recente, e também a igreja e os povos bárbaros em eras anteriores.

Não se trata de exagero. Em 2009, o vereador Jair Brugnago (PSDB), de União da Vitória, no Sul do Paraná, retirou da estante da biblioteca da Escola Estadual São Cristóvão, onde é diretor, dois livros indicados a estudantes do ensino médico, sem consultar a Secretaria de Educação ou outra autoridade do setor. Sua decisão foi pessoal e baseou-se no fato de que as obras seriam "inadequadas".

Tratava-se de "Amor à Brasileira", uma coletânea de contos nacionais, entre eles um de autoria do curitibano Dalton Trevisan, e "Um Contrato Com Deus - e Outras Histórias de Cortiço" do desenhista americano Will Eisner (1917-2005), cujo nome fez com que a História em Quadrinhos alcançasse o patamar de arte.


Capa de "Um Contrato de Deus", de Will Eisner, que narra histórias da infância do desenhista norte-americano: livro foi vetado no interior do Paraná.

Está claro que o obtuso vereador de União da Vitória não tinha ideia do que carregava nas mãos. Sua preocupação era com os temas e com o linguajar chulo contido nas obras. Além do fato de ter desprezado a informação do público-alvo - alunos do ensino médio - , Brugnago atropelou o limite da própria autoridade ao vetar os livros e tomar para si o papel de guardião da civilidade. É típico que isso ocorra em regimes totalitários, onde o vigilante do quarteirão é a polícia, a Justiça e o delegado da Moral e dos Bons Costumes. Não em democracias.

No mesmo ano, triste 2009, também foram recolhidos, em diversas escolas públicas de Santa Catarina, exemplares da obra "Aventuras Provisórias", do catarinense Cristóvão Tezza, radicado em Curitiba, aparentemente por conter termos que um pai utiliza em seu vocabulário e permite que o filho também o faça até desbragadamente. Mas nunca em letras tipográficas - se é que você entende (eu não).

É caso de preocupação? Talvez não. Talvez sim. Tratam-se de fatos isolados? Talvez não. Talvez sim. Mas como diz aquela frase devidamente malhada e nunca esquecida: "O preço da liberdade é a eterna vigilância". Pois é.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A DEMOCRACIA NÃO PRECISAVA DISSO


Collor dá uma "banana" a eleitores cercado por tonton macoutes: triste história.

De volta ao passado. Súbito, vi nas cenas de intolerância registradas, ontem (21), na capital paranaense, a clássica foto de Collor de Melllo dando uma banana para o fotógrafo, garantido pelos tonton macoutes que o cercavam.

Foi uma espécie de déjà-vu. Desta vez protagonizada por curitibanos, anônimos por excelência, que estavam no lugar errado e na hora errada ao dispararem ofensas contra Dilma Rousseff, inclusive gestuais, e ao fim e ao cabo, atirarem bexigas d´água no “Dilmamóvel”, a geringonça utilizada pela candidata petista para se locomover em sua campanha eleitoral.

A marca do brasileiro cordial e da Curitiba “primeiro mundo” evaporou-se em segundos. Repetia-se, um dia depois, a cena de ódio de que José Serra fora vítima, na zona Oeste do Rio de Janeiro, ao ser atingido por uma bobina de fita crepe ou por um objeto voador não identificado.

Quem atira uma bobina ou uma bexiga d´água atira um ovo e até... uma pedra. E ainda estamos no terreno do brasileiro cordial.

Se Curitiba tem um passado que a condena é o fato de ser a única capital, no país a votar maciçamente no integralista (fascista) Plínio Salgado nas eleições presidenciais de 1955. Foi um assombro. De tal sorte, que Salgado sentiu-se à vontade para concorrer a deputado federal pelo estado em 1958. Venceu. Junto com ele, o inominável Jânio Quadros.

De resto, o acirramento dos ânimos, no segundo turno das eleições de 2010, tem origem no eterno discurso de Lula de querer dividir o país entre pobres e ricos ou, para ficar no linguajar lulista, nos membros “dazelite”.

Lula e os petistas também são responsáveis por darem o tom de guerra à campanha. O presidente, por exemplo, declarou que é preciso “exterminar o DEM”. Os petistas fazem uso dos blogs e sites oficiais, pagos com dinheiro público, para acirrar o ódio entre as classes sociais. É um absurdo que não explica a violência registrada nos últimos dias, mas ajuda a entendê-la.

A nove dias do segundo turno, é difícil dimensionar o que vem por aí. Se os tonton macoutes resolverem agir em represália ao ocorrido em Curitiba, o Brasil pode viver uma praça de guerra. Talvez seja a praia dos petistas e de parte dos curitibanos que se dispuseram a disparar ofensas contra o clone do “Papamóvel” de Dilma. Amém.

De qualquer forma, o ocaso de Lula vem se transformando num episódio lamentável na história do país. Nunca antes...

sábado, 16 de outubro de 2010

DILMA E O PERJÚRIO ELEITORAL OU "O CONTO DO VIGÁRIO"


Dilma fala a lideranças evangélicas e cristãs antes do primeiro turno: desdizendo o que antes era convicção.

Fernando de Barros e Silva reproduziu, na sexta-feira (15), em coluna na “Folha de S. Paulo”, o diálogo travado entre Boris Casoy e Fernando Henrique Cardoso, durante debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo, em 1985.

Já havia me referido a esse mesmo episódio em post anterior (clique aqui), defendendo o questionamento do jornalista.

Não há regra que determine que os candidatos a cargos públicos sejam desobrigados de responder a questões de cunho moral. Da mesma forma afirmei que a presidenciável Dilma Rousseff (PT) tinha todo o direito de ser favorável à descriminalização do aborto. O que não se esperava é que ela mentisse sobre o tema. Reproduzo, abaixo, o diálogo entre Boris Casoy e FHC e comento em seguida:

Boris Casoy - Senador, o senhor acredita em Deus?
FHC - Essa pergunta o senhor disse que não me faria.
Casoy - Eu não disse nada.
FHC - Perdão, foi num almoço, sobre esse mesmo debate.
Casoy - Mas eu não disse se faria ou não faria.
FHC - É uma pergunta típica de quem quer levar uma questão que é íntima para o público, uma pergunta típica de quem quer simplesmente usar uma armadilha para saber a convicção pessoal do senador Fernando Henrique, que não está em jogo. Devo dizer ao senhor Boris Casoy que esse nosso povo é religioso. Eu respeito a religião do povo, as várias religiões do povo, automaticamente estou abrindo uma chance para a crença em Deus.
Casoy - A pergunta não foi respondida. Não se trata de armadilha, nem de convicção pessoal.


Barros e Silva diz que a petista Dilma Rousseff abriu todas as “concessões ao lobby religioso” ao desdizer o que havia dito. Às vésperas do primeiro turno, quando os indicadores já afirmavam que a vitória no primeiro turno já lhe escapara pelos dedos, Dilma reuniu entidades cristãs e evangélicas para aplicar, literalmente, o “conto do vigário”. Negou o que, até então”, fazia parte do seu cardápio de convicções, ainda que sejam morais.

A cereja no bolo veio com a “Mensagem da Dilma” (aqui), carta publicada sob pressão de grupos religiosos, também na sexta-feira (15), em que a candidata petista reafirma a sua posição contrária ao aborto e se compromete a não alterar itens do PNDH-3 que possam ir de encontro aos preceitos da igreja. Trata-se, obviamente de um perjúrio eleitoral. Se afirmasse isso, no ambiente de um tribunal, Dilma certamente seria presa.

Barros e Silva, contudo, achou conveniente, à guisa de equilíbrio democrático, acusar também o tucano José Serra de arrastar o “cortejo do atraso” para o centro do debate político. Nesse caso, trata-se de perjúrio jornalístico. Até que o “aborto” ganhasse a mídia, no início do segundo turno, toda a discussão estava centralizada em blogs e sites cristãos, como este escriba pôde comprovar ao pesquisar se Dilma havia mesmo dado declaração a um repórter, em Minas Gerais, dizendo que “nem mesmo Cristo querendo” tiraria a sua vitória no primeiro turno. Nada se encontrou para corroborar essa afirmação, como também sua origem.

Por isso a afirmação de que Serra seria um neocarola, como quer Barros e Silva, soa forçada. Se o assunto veio à tona foi consequência da mentira de Dilma e da posição tomada pela sua coordenação de campanha ao reunir evangélicos e cristãos para que ela negasse o que era, até então, uma convicção.

Serra, ao que se saiba, não tocou no assunto no primeiro turno. Nem mesmo Marina Silva, uma evangélica com posições claras contra o aborto e o casamento entre homossexuais. A petista, portanto, enforcou-se com seu próprio laço e agora corre para atribuir à oposição a disseminação de boatos que, em verdade, são fatos. Eis a contradição intransponível de Dilma.

Quanto ao argumento de que o procedimento não deveria estar no centro da disputa política, parece irônico. Em três meses e meio de campanha, passou-se ao largo dos principais temas da pauta nacional. Se o aborto, uma questão moral, atrai agora a atenção de candidatos e eleitores, isso só dá prova da pasmaceira em que nos encontramos.

O tema precisa ser discutido? Sim. Mas de forma ampla, envolvendo toda a sociedade. Aos que se declaram “não-obscurantistas” e favoráveis ao procedimento, vale lembrar que implementar o aborto na rede pública de saúde demanda investimentos de monta, que vão além do atendimento laboratorial. É preciso que os Postos de Saúde, por exemplo, sejam equipados com pequenos centros cirúrgicos.

Daí levanta-se a questão: não seria melhor, antes de tomar tal medida, levar a cabo uma ampla campanha sobre a importância do uso de contraceptivos e, assim, diminuir o número de casos por ano, que passam de 1 milhão?

Longe deste escriba negar o direito da mulher ao aborto, mas é preciso que ela tome conhecimento que tal procedimento é invasivo e gera sequelas – físicas e psicológicas. Há alguns anos, ainda em São Paulo, recebi a tarefa de fazer uma reportagem sobre clínicas clandestinas de aborto e ouvi uma paciente, ainda sob o efeito da anestesia, indagar ao marido: “Era menino ou menina?” Perceberam aonde quero chegar?

domingo, 10 de outubro de 2010

ABORTO? PERGUNTE AO EX-PETISTA FLÁVIO ARNS



Se alguém ainda quer saber o que o PT pensa sobre o aborto, ou especificamente o que a presidenciável Dilma Roussef pensa (ou pensava) sobre o tema, que pergunte ao senador Flávio Arns (PSDB). Ele ainda era um membro ilustre do PT, em setembro de 2007, quando foi aprovada a resolução pró-descriminalização do aborto no 3º Congresso do partido.

Naquele mesmo mês, Arns também foi um dos personagens no acordo espúrio fechado pelos senadores petistas Aloízio Mercadante (SP) e Ideli Salvati (SC) que garantiram a absolvição do então presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), acusado de maltratar o dinheiro público para pagar a pensão de uma filha ilegítima.

Na ocasião, a comparação dos petistas com os porcos da fábula política “Revolução dos Bichos, de George Orwell, desceu um ou dois degraus na cadeia alimentar. Restou-lhes os ratos, acostumados a esgueirar-se nos becos sujos e chafurdar nos esgotos. Pois nem Orwell imaginaria que o animalzinho repugnante chegaria a tanto.

Dos petistas que recusaram-se a participar do acordão que livraria Calheiros do processo de cassação, então definido como um “excesso de democracia”, estavam quatro senadores do PT: Eduardo Suplicy (SP), Delcídio Amaral (MS), Augusto Botelho (RR) e Flávio Arns (PR).

Como a sessão foi secreta, só a palavra dos oposicionistas permitiu confirmar que Arns e seus colegas decididamente votaram pela cassação, desobedecendo assim o que era uma questão fechada do partido.

Em 2008, já desiludido com os rumos do partido, Flávio Arns tomou a decisão de mudar de sigla motivado por duas razões: 1) a resolução pró-aborto aprovada no 3º Congresso do PT. 2) A confirmação de que o partido abraçara-se ao fisiologismo risonho e sacudido.

No caso do aborto, é sabido que Arns é sobrinho do arcebispo emérito de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns, e de Zilda Arns, ex-presidente da Pastoral da Criança, morta tragicamente, em janeiro deste ano, no terremoto que arrasou o Haiti. Sua posição anti-aborto, portanto, era conhecida entre os demais senadores por conta de seus princípios religiosos, donde sua permanência no PT seria insustentável.

Porém, como o TSE aprovara o princípio da fidelidade partidária, entendendo que o mandato pertencia ao partido e não a seus detentores, Arns foi obrigado a permanecer na sigla até 2009 sob a ameaça de ser substituído por sua suplente.

Filiado ao PSDB, em outubro do ano passado, Arns atendeu convite de Beto Richa para ocupar a vaga de vice-governador. Com a vitória do tucano já no primeiro turno, ele tornou-se o único secretário já confirmado no novo governo. Irá acumular a pasta da Educação. Ah, que fique claro: Arns nunca precisou negar suas convicções, sejam elas religiosas ou morais, para atender expectativas eleitoreiras.

O TEMA NÃO É O ABORTO. É A MENTIRA


"Minha Vida" de Dilma no site oficial da candidata: foto do meio é empulhação.


Dilma mentiu no currículo, mentiu na foto (passando-se por Norma Bengell) e agora mente no caso do aborto: um flagrante de amadorismo político.

Um apanhado de argumentos que, creio, fecham o círculo em torno do que NÃO é a discussão sobre o aborto (saúde pública, direito das mulheres, etc.) e sim a MENTIRA com viés eleitoreiro:

FATO. Dilma Roussef afirmou, por diversas vezes, ser favorável à descriminalização do aborto. Seu partido, o PT, aprovou em congresso a indicação favorável ao aborto, mas devido a interesses eleitorais, ela optou por negar tudo o que disse antes, como que obrigando os eleitores a uma lobotomia coletiva.

FATO. Dilma afirmou, em 4 de outubro de 2007, durante uma sabatina no jornal “Folha de S. Paulo” que considerava um absurdo não haver, no Brasil, a descriminalização do aborto.

FATO. À revista “Marie Claire”, no ano passado, Dilma declarou o seguinte: “Abortar não é fácil para mulher alguma. Duvido que alguém se sinta confortável em fazer um aborto. Agora, isso não pode ser justificativa para que não haja a legalização. O aborto é uma questão de saúde pública.”

FATO. Na edição da “IstoÉ” de 8 de maio de 2010 – há cinco meses, portanto – Dilma foi indagada se era favorável a uma legislação que descriminalizasse o aborto. Respondeu: “Que obrigue a ter tratamento para as pessoas, para não haver risco de vida. Como nos países desenvolvidos do mundo inteiro. Atendimento público para quem estiver em condições de fazer o aborto ou querendo fazer o aborto”.

FATO. No entanto, no dia 29 de setembro, quatro dias antes do primeiro turno, Dilma desdisse tudo aquilo que havia dito antes ao reunir lideranças católicas e evangélicas e declarar ser contra o aborto. Disse mais: comprometeu-se, se eleita, a não apresentar uma proposta de plebiscito para a legalização do procedimento.

FATO. O que fez Dilma mudar de ideia? Ora, por óbvio o receio de perder a eleição. A presidenciável petista, portanto, MENTIU. E sua mentira não atende ao perfil do proselitismo político, mas sim o da falsidade ideológica.

FATO. Dilma foi ainda mais longe. Para reforçar sua “nova posição” usou de um bebê recém-nascido – no caso o seu neto, Gabriel – para afirmar, em entrevista a “O Estado de S. Paulo” que “pessoalmente era contra o aborto”. “Até porque seria muito estranho, no momento em que meu neto acabou de nascer, eu defender o aborto. O aborto é uma violência contra a mulher”.

FATO. Dilma MENTIU. E a MENTIRA em qualquer democracia que mereça esse nome é vista como um crime de lesa-pátria. O caso emblemático é o do presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, que, em 1998 foi obrigado a aparecer diante das câmeras e admitir o que, de resto, o mundo inteiro já sabia: "Eu tive um relacionamento com a senhorita (Monica) Lewinsky que não foi apropriado", afirmou, referindo-se à estagiária com quem trocou fluidos corporais em um pequeno gabinete localizado no Salão Oval da Casa Branca. Se sustentasse a MENTIRA, o processo de impeachment era inevitável.

FATO. No caso de Dilma, a MENTIRA é conceitual, renega uma decisão do congresso do partido, em que se aponta claramente a descriminalização de aborto. E há que se lembrar que o PT ainda reza sob a cartilha do centralismo democrático de Lênin, que defende a “liberdade na discussão e a unidade na ação”. Ou seja, o que o partido aprovou deve ser manifestamente seguido por todos os militantes. Dilma, inclusive.

DÚVIDA. Sob esse enumerado de afirmações, resta saber agora qual Dilma tomará posse em 1º de janeiro, caso saia vitoriosa das urnas: a que defenda a descriminalização do aborto ou a que o rejeita?

DÚVIDA. Por que Dilma mudou de opinião? A resposta talvez esteja na mesma razão que a levou a apresentar um programa de governo “hard” no começo da manhã, prevendo o controle social da mídia, e outro programa “light” no fim da tarde, com os itens polêmicos devidamente emasculados.

REFLEXÃO
. Se o Brasil pretende evoluir da taba para o mundo moderno, é hora de refletir sobre quem elege para gerir o destino de uma população de quase 200 milhões de habitantes.

EIS AGORA UM MITO. Apesar do que afirmam os sites e blogs religiosos, não há provas de que o vice de Dilma, o peemedebista Michel Temer, seja um satanista. Nem ele, nem José Sarney, nem mesmo Fernando Collor. Se bem que, no caso dos dois últimos, é admissível que o tinhoso lhes seja simpático.

sábado, 9 de outubro de 2010

AH, SE DILMA VENCER


Se Dilma vencer, MST invade Mini Fazendinha no Orkut e Farmville no Facebook.

Se Dilma vencer vai colocar mais duas famílias na casa do Ken e da Barbie.

Se Dilma vencer, a Petrobras vai reajustar o combustível dos postos da Playmobil.

Se Dilma vencer, Mattel irá lançar Barbie Sakineh com saquinho de pedras e laço de forca.

Se Dilma vencer, os aviõezinhos de papel serão impedidos de aterrissar nas salas de aula.

Se Dilma vencer irá cobrar ingresso dos torcedores no Estrelão.

Se Dilma vencer, carrinhos de autorama terão que pagar pedágio.

Se Dilma vencer, Irã terã bomba atômica no jogo do WAR.

Se Dilma vencer, vai se apropriar dos fundos do Banco Imobiliário.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

VIVA TIRIRICA!


Propaganda eleitoral do palhaço Tiririca (PR), eleito deputado federal com 1,3 milhão de votos: Constrangido, Aluizio Mercadante (PT) mandou tirar seu nome. Azar. Pior que tava não ficou.

O caráter democrático da internet traz à tona o fato de que, quanto mais ela se dissemina, todos podem opinar sobre tudo. Ironicamente, no entanto, o produto disso é a opinião sobre nada.

Veja-se o caso do palhaço Tiririca. Eleito deputado federal pelo PR paulista com 1,3 milhão de votos, o comediante foi imediatamente demonizado. Há charges espalhadas pelos quatro cantos do globo, sem exagero, satirizando o coroamento de um Congresso Nacional que, virtualmente, cobriu-se com a lona do circo.

Os argumentos parecem convincentes. O PR do mensaleiro Valdemar Costa Neto investiu R$ 3,2 milhões na campanha da “personalidade” Tiririca e, assim, amealhar votos que arrastassem três ou quatro representantes da coligação. Oficialmente, o partido só confirma o investimento de R$ 516 mil, um valor evidentemente subfaturado no que foi uma operação bem urdida para eleger ao menos três candidatos que “penduraram-se” no comediante.

O delegado federal Protógenes Queiroz (PCdoB), envolvido na Operação Satiagraha, foi um dos beneficiados pela votação expressiva do palhaço, apesar de ter ficado tiririca com a associação ao seu nome. O que é, convenhamos, uma hipocrisia. O espetáculo protagonizado por Protógenes, juntamente com o ex-diretor-geral da Abin, Paulo Lacerda, se não causa gargalhadas, ao menos provoca um esgar patético (eu diria petético) de sua claque.

Protógenes obteve 94.906 votos quando seriam necessários 304 mil votos para garantir a cadeira. Tiririca encarregou-se de garantir-lhe os votos restantes. O mesmo ocorreu com o candidato do PRB (leia-se Universal), Otoniel Lima, que conquistou 95.971 votos, e Vanderlei Siraque, do PT, 93.314 votos.

Se a contagem carece de humor, acrescente-se então que sobraram a Tiririca ainda mais 150 mil votos para serem distribuídos aos demais membros da coligação, encabeçada pelo senador e candidato ao governo Aloizio Mercadante (PT), com toda a alegria pimpão.

Agora, atenção, respeitável público. Indignado com as piadas e os slogans do palhaço na propaganda eleitoral, piadas estas que foram criadas por um membro do grupo “Café com Bobagem”, o sisudo, o botocudo Mercadante julgou-se ofendido e mandou retirar sua imagem. Azar. “Pior que tava não ficou”. O petista foi para as calendas já no primeiro turno e Tiritica riu à toa, mesmo com seus poucos dentes.


Abaixo, Mercadante cumprimenta manequim. Acima, Marta "ameaça".

Se vale um parêntese sobre Mercadante, é a lembrança risível de que, em outras campanhas, ele chegou até a cumprimentar manequim. Quando, enfim, foi chamado à responsabilidade no episódio de cassação de Renan Calheiros, o senador petista, que cospe austeridade, foi o artífice da absolvição do peemedebista.

Se não crêem, oh homens de pouca fé, neste escriba, indaguem ao senador do PSDB (ex-PT) e agora vice-governador eleito no Paraná, Flávio Arns. Até hoje ele tem arrepios ao lembrar-se da votação ocorrida a portas fechadas no Senado Federal. E o palhaço é o Tiririca?

A esse episódio somam-se outros tantos. A absolvição dos mensaleiros, dos sanguessugas, o arquivamento da CPI dos Cartões Corporativos, a origem desconhecida do dinheiro dos aloprados, a blindagem de Ribamar Sarney, o homem que bigodeou o país e, em casos mais recentes, o escândalo da quebra de sigilo fiscal de tucanos e o tráfico de influência na Casa Civil sob as barbas de Lula.

Sob o circo do STF julgam-se, agora, o caso dos “fichas sujas” e eis que mais um Arrelia da política (com escusas ao Arrelia) pode surgir libertado das garras da lei e entronizado deputado federal. Trata-se do sempre risível – pelos piores motivos – Paulo Maluf (PP), o terceiro mais votado nas eleições paulistas, com 497.203 votos.

Se depois de tanta picardia política, o palhaço, ao fim e ao cabo, é o tal de Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca, semi-analfabeto e cantor de um só sucesso (“Florentina) que, em meio à miséria banguela do povo brasileiro, elegeu-se deputado federal, eis que sinto-me reconfortado.

Antes ele que Valdemar Costa Neto. Antes ele que José Genoíno. Antes ele que Roberto Jefferson. Antes ele que José Dirceu. Antes ele que Severino Cavalcanti.

Tiririca é o único palhaço que destoa no circo de horrores do Congresso Nacional. É um profissional em meio a amadores. Tomara que ele não chegue lá... no fundo.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O ABORTO ESTÁ NA PAUTA SIM, MADAME


Gleisi arrebita o nariz (um pleonasmo) e acusa: "adversários jogaram baixo na questão do aborto". Ah, Santo PT.

Gleisi Hoffmann, a Barbie recém-eleita ao Senado, arrebitou o nariz (um ato redundante) para dizer à Bandnews que a decisão pró-descriminalização do aborto, contido no programa do PT, é questão de foro íntimo. Não é não.

Se o tema foi discutido em congresso e aprovado, como afirmou o deputado federal André Vargas, por pressão de um grupo de feministas, torna-se público e questão obrigatória a ser defendida por seus representantes. É o tal do centralismo democrático. O que não dá é empurrar para debaixo do tapete como faz o PT nos escândalos financeiros e institucionais.

Afirmei, em post abaixo, que defendo o direito de Dilma defender o seu ponto de vista sobre o aborto. Ela fez isso em 2007, em sabatina na “Folha de S. Paulo” (vide alfarrábio), e no ano passado à revista “Maria Claire”, quando já era apresentada como candidata à sucessão de Lula.

Não dá para negar. Dizer que isso faz parte do “jogo sujo” dos adversários é balela. Comparar o caso às eleições de 1989 ou ao slogan “Eu tenho medo”, reverberado por Regina Duarte, em 2002, é esconder dinheiro na cueca.

O PT, aliás, usou da mesma tática ao acusar, em 2006, o PSDB de querer privatizar a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil e a Petrobras.

Para responder aos ataques, o então presidenciável Geraldo Alckmin apareceu trajando uma camisa cheia de logomarcas das estatais. Errou. Deveria defender a privatização. Não das estatais em questão, mas daquelas que são deficitárias e instrumento de barganha dos partidos aliados.

Foi nessa manjedoura de apaniguados que teve origem os principais escândalos da era Lula. Tome-se como exemplo a crise aérea. Se estivessem na direção da Infraero e da Anac, técnicos, e não gente com a mesma sapiência de um Tiririca, as imagens lamentáveis registradas nos aeroportos talvez não tivessem ocorrido.

Mas o governo lulo-petista não está preocupado com isso. Pobre não viaja de avião e pobre não declara imposto de renda (sigilo fiscal). Ora bolas, pobre também não lê jornal. Por que, então, o controle social da mídia? Respondo: porque a documentação do fato é inapelável.

E agora, como circunavegar a questão do aborto? Respondo também: fácil, basta inculpar a oposição. O problema não é do PT que se posicionou favorável do aborto em seu programa partidário, é do adversário, que supostamente fez com que a questão batesse à porta das instituições religiosas e provocasse a rejeição de Dilma entre cristãos e evangélicos.

O PT faria o mesmo? Claro que sim. Do programa do PV, por exemplo, consta a defesa da descriminalização da maconha e do casamento entre homossexuais. O PSDB, mais conservador, não trata do assunto. Mas se os Verdes apoiarem Serra, o PT, por linhas tortas, vai chegar lá. Não duvide. É do jogo eleitoral.


Dilma defende a descriminalização do aborto em sabatina, na "Folha", em 2007. Depois escapou eleitoralmente.

BILHETINHO DO DALTON

Via interlocutor
Dalton reclama
Braga não é Fonseca
Ô cara, ô meu
Nem Otto Lara é Carpeaux
Noves fora
Só "Capitu sou eu"

Em tempo: para entender, leia "Por que Me Ufano do Vampiro" (abarro)

terça-feira, 5 de outubro de 2010

DEIXE DILMA DEFENDER O ABORTO


Campanha contra o aborto, supostamente da CNBB, rejeita o voto em Dilma Rousseff no primeiro turno.

O que pode haver de errado no fato da presidenciável Dilma Rousseff (PT) defender a descriminalização do aborto, se é isso que rege o programa do partido aprovado em congresso? Fugir do tema e insinuar que tudo faz parte de uma intriga urdida por adversários para desestabilizar sua candidatura é mais do que mera figura de retórica.

O aborto é uma questão polêmica? É. Mas muitos países tornaram legal a prática, mesmo enfrentando os protestos de ligas católicas e protestantes.


Dilma defendeu o aborto em 2007, durante sabatina na "Folha de S. Paulo", e no ano passado em entrevista à "Marie Claire".

Dilma era defensora do aborto em 2007 quando participou de sabatina na “Folha de S. Paulo”, e também no ano passado (logo ali) quando deu entrevista à revista “Marie Claire”. Dizer que mudou de ideia agora é, no mínimo, uma jogada eleitoreira que não garante, a quem nela depositar o voto, o recuo estratégico tão logo se assente no poder.

O deputado pimpão e secretário de Comunicação do PT, André Vargas, foi um dos que tentaram empurrar, literalmente, com a barriga, o tema explosivo ao acusar José Serra (PSDB), antes do primeiro turno, de ser o responsável por introduzir nos postos de saúde a “abortiva” pílula do dia seguinte.

Falácia eleitoreira. Quando Serra assumiu o Ministério da Saúde, no governo Fernando Henrique Cardoso, a adoção da pílula já ocorrera.

Se Vargas necessita de uma evidência que trate de mirar no próprio governo Lula. Foi sob o guarda-chuva petista que o ministro José Gomes Temporão (Saúde) autorizou, em janeiro de 2008, a prefeitura do Recife, por sinal petista, a distribuir a “pílula do dia seguinte” nos postos de Saúde, durante o Carnaval.

Na época, a secretária da pasta, Tereza Campos, tachou a iniciativa como um “direito da mulher”. Mas não considerou, assim como Temporão, que o público preferencial seria de jovens e adolescentes. Mais: que o uso da pílula estimularia o sexo sem proteção, abrindo as portas para as chamadas Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs).

O aborto enquadra-se em outra esfera de uma questão que tem vários lados. Se o programa do PT é pró-descriminalização da prática do aborto e a candidata a presidente é uma de suas entusiastas, que trate de sustentar suas convicções e não escondê-las sob o tapete como fez no caso Erenice Guerra.

Só os mais velhos lembram de um debate entre candidatos à prefeitura de São Paulo em que o mediador Boris Casoy indagou ao então neófito Fernando Henrique Cardoso se ele acreditava em Deus. A resposta de FHC: “Nós combinamos que essa pergunta não seria feita”. Na obrigação de responder, enrolou-se todo, ficou com a marca de ateu e foi derrotado pelo ressuscitado Jânio Quadros. Em 1994, candidato a presidente, FHC cedeu aos marqueteiros e surgiu contrito, rezando em igrejas evangélicas, católicas, budistas e até em terreiros de macumba.

Há quatro anos, foi a vez de Geraldo Alckmin, acusado de privatista no segundo turno, exibir-se com uma camisa que lembrava os uniformes de pilotos da Fórmula 1, cheia de logomarcas das estatais brasileiras. Em vez disso, seria mais salutar eleitoralmente que apontasse os benefícios da privatização, a começar pela telefonia, que tirou o país da pedra lascada da Comunicação em menos de um ano. Do contrário, estaríamos ombreando Cuba no quesito internet (discada a carvão).

O irônico na argumentação de André Vargas é ver que ele se isenta rapidamente ao admitir a defesa da descriminalização do aborto incluída no programa do partido. “Nós nos deixamos levar por um grupo de feministas, só eu e outro fomos contra”.

A senadora eleita Gleisi Hoffmann (PT) já se mostrava preocupada em trazer à tona a questão, mesmo antes do primeiro turno. De nariz arrebitado, fruto de uma plástica que deixou seu rosto semelhante ao da boneca Barbie, Gleisi sentenciou: o tema “pode custar a presidência da República”.

Isso não significa, entretanto, que não deva ser discutido. Deve sim. E que Dilma Rousseff assuma a comissão de frente do debate. Do contrário, há evidências em profusão que hão de contradizê-la. E quem a viu em debates francos e abertos, sabe que ela se enrola facilmente. Imagine se resolver ir contra suas convicções diante das câmeras.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

TODO CENSOR SERÁ CASTIGADO


Agora que a eleição no Paraná se foi, este blogo devolve ao seu merecido lugar bost que antes bostei (desculpe, estou gripado).

Não bastasse a proteção da Fat Family – um bando de seguranças rotundos que age com truculência dantes nunca vista em período democrático -, eis que o candidato ao governo do Paraná, Beto Richa (PSDB), se serve agora também de processo na Justiça Eleitoral para amordaçar blogs de oposição. No caso, a página do jornalista Esmael Morais (www.blogdoesmael.com.br) na internet.

Por óbvio, não há santos na lida. Esmael Morais escorou-se no pedetista Osmar Dias e, antes, no governador Orlando Pessuti (PMDB), então pré-candidato ao governo, para disparar contra as linhas de frente tucanas. Seu soldo, ao que consta, viria da estatal Sanepar.

Já Richa conserva à sua volta um grupo de correligionários que, salvo engano, estão longe de representar a “Madre Tereza de Oh Calcutá.”

Dito isso a decisão, acatada pela Justiça Eleitoral do Paraná, sempre disposta a cumprir o ritual de afagabas afagabus aos poderosos (vide o processo que culminou com o deferimento da candidatura de Francisco Simeão, 1º suplente do concorrente ao Senado, Roberto Requião), suspendeu o blog, sob a alegação de que o jornalista estaria “abalando emocionalmente” Richa e sua família. Ora, ora.

O que Esmael Morais divulgou no blog é notícia corrente, que só não ganhou as páginas da “grande imprensa” por conta do Ensaio Sobre a Cegueira que se abate sobre a mídia do Paraná sazonalmente. Em período eleitoral, até o Indústria & Comércio, que julgava-se descansando nas catacumbas, emerge revigorado e impresso em quatro cores. Nem Lázaro! Nem Lázaro!

O que Morais fez foi levar a público o caso cabeludo envolvendo o filho de Beto Richa, Marcello Richa, ora presidindo sem expressão maior a Juventude do PSDB do Paraná. A prática do grupo, aliás, é condenável. Só apoia aqueles candidatos que garantem cargos comissionados a seus membros. Um belo exemplo democrático.

Pois Marcello não conseguiu obter o diploma de Direito na Universidade Positivo, porque plagiou descaradamente uma monografia da Universidade Estadual da Bahia. O processo acadêmico ainda corre na instituição.

Marcello, o primogênito de Richa, nem chegou a defender a monografia na banca, uma vez que o professor de Direito Penal, Alessandro Silvério, detectou o plágio com uma simples consulta à internet, e o reprovou imediatamente.

Pior. A turma de Direito de 2009 escolheu como patrono o ex-governador José Richa (falecido em 2003) e Beto Richa foi o encarregado de representar o pai. Na hora da entrega dos canudos, faltou um. Justamente o filho (e neto), alijado da formatura por conduta acadêmica reprovável.

Comenta-se que a família Richa teria processado a Universidade Positivo, usando de prerrogativas duvidosas, o que não é confirmado. Comenta-se também que a Positivo teria contratado o jurista René Dotti para defendê-la, o que por si só seria um embate interessante e, quem sabe, uma aula para Marcello Richa nunca esquecer.

Quanto ao caso dos cobertores da FAS que Fernanda Richa doou em junho, com propósito eleitoreiro, é caso conhecido e devidamente punido pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná. (TRE-PR).

O que causa estranheza é que só agora, na reta final da campanha, Richa se julgue “abalado emocionalmente” e obtenha, junto à Justiça Eleitoral, a proibição do blog, quando este expressou, ainda que à sua maneira, apenas a verdade dos fatos.

Afora isso, o ato de truculência perpetrado pela coordenação de eventos da campanha, no sábado (21), ainda está para ser deglutido por humilhados e ofendidos. É impressionante que um concorrente de livre trânsito na cidade de Curitiba e em outras cidades do estado, necessite de tonton macoutes para abrir espaço nas suas caminhadas eleitorais. Foi o que ocorreu neste dia. Até agora, o QG da campanha se mantém em silêncio sobre as denúncias publicadas na imprensa e sobre o tal Zero (à esquerda) que comanda o grupo. Esperemos que todo troglodita seja castigado. E todo censor também.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

AQUI JAZ O TÍTULO ELEITORAL, ESSE DESGRACIDO

Longe aqui de contestar a parolagem do âncora da Bandnews, Ricardo Boechat, a quem ouço todas as manhãs, quando criticou na quinta-feira (30) o suposto telefonema de José Serra a Gilmar Mendes. Boechat elegeu a ligação como principal alvo, por razões que tocam mais ao empresário Daniel Dantas – a quem Mendes concedeu dois habeas-corpus relâmpago – do que ao fato do ministro ter requerido o pedido de vista quando o placar do STF a favor da derrubada da exigência de dois documentos nas eleições já marcava 7 a 0. Uma goleada irreversível, portanto.

Se há alguma crítica a Boechat é que, ao mirar a parte, ele esqueceu-se do todo.

E o todo significava a afronta ao que chamam – en passant – de institucionalidade – ou o conjunto de instituições que administram um Estado.

E o que se viu foi vergonhoso. Um ano depois do presidente Lula sancionar, com o apoio entusiasmado do PT, a lei 12.304, que no artigo 91-A exigia a apresentação de dois documentos como forma de conter a fraude eleitoral, eis que o Partido dos Trabalhadores ingressa com uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade), em regime de urgência, no STF para que a lei seja derrubada.

O que se esperava, em uma circunstância assim, era que o processo ganhasse tramitação célere, mas não tão célere a ponto de contemplar os anseios da presidenciável Dilma Roussef, que temia que a exigência pudesse concorrer para aumentar as abstenções.

Eis que o processo cai nas mãos da ministra Ellen Gracie e ela, assim como uma velocista, analisa o caso e trata de incluí-lo na pauta, sob a concordância dos demais ministros. Em disparada também dá logo o seu veredito, feito a rainha de Copas: “Cortem-lhe a cabeça!” E assim a acompanham outros sete ministros entre os dez que integram a corte. Só votaram pela manutenção da exigência, o “suspeitíssimo” Gilmar Mendes, que aqui leva a alcunha de conspirador inútil, e o presidente do STF, Cezar Peluzo, com a expressão de um Mazzaropi cansado. Aborrecido, porque derrotado, Peluzo, decretou a morte do título eleitoral. Aqui jaz.

No prejuízo ficaram mais uma vez, não os que padecem da falta de documentos, mas os milhares de brasileiros que enfrentaram filas em busca da segunda via do título eleitoral para cumprir as exigências da nova lei.

A três dias do primeiro turno, os ministros do STF poderiam ter considerado que estavam desmerecendo o esforço de uma parcela significativa da população e deixar que a decisão valesse apenas para um eventual segundo turno. Mas quem dá pelota para a instituição democrática?

Atendeu-se a conveniência de um partido – por acaso, o partido do governo – e estamos conversados. Da mesma forma, e de forma risível, a Controladoria Geral da União (CGU) apressou-se também em descaracterizar parte das denúncias de tráfico de influência que pesam sobre a ex-ministra da Casa Civil da Mãe Joana, Erenice Guerra. Assim fazendo, também abasteceu o arsenal de argumentos de Dilma Rousseff no debate da Globo que se realizaria na noite de ontem (30).

Se a República Lulista conseguiu um feito foi dar fim ao Título Eleitoral. O passo ideal agora seria tornar o voto do brasileiro facultativo. Mas é sonhar demais. O Universo, nesse caso, conspira contra nós.


Coluna de Cláudio Humberto ao completar-se um ano da lei dos "dois documentos" sancionada por Lula: nunca antes na história se viu tanta ligeireza do STF.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

QUE GUERRA IDEOLÓGICA, CARA PÁLIDA?


O "Movimento dos Sem Mídia" vai às ruas: eles só querem pesquisa a favor.

A Gazeta do Povo erra ao eleger entre seus interlocutores, no meio acadêmico, partidários notórios do atual modelo lulo-petista de governo. É o caso de Emerson Cervi, Adriano Codato e, pasme, Ricardo Oliveira, que foi candidato pelo PT. Quando não há o contraditório surgem aberrações como esta de Codato que afirma, tal como um periquito de realejo, que vê uma guerra ideológica entre Dilma e a “Folha de S. Paulo”, por conta, certamente, das denúncias envolvendo a Casa Civil e a famiglia Erenice Guerra. Por essa razão, a tal guerra estaria refletindo nos números do Datafolha, que pertence ao Grupo Folha. É uma acusação séria.

Codato quer afirmar que os resultados da pesquisa foram orientados, apontando um segundo turno, porque a “Folha” é “inimiga” de Dilma. “A atual conjuntura, de radicalização dos ânimos, não nos permite afirmar nada baseado na pesquisa de um único pesquisador. Não sabemos se as informações são orientadas ou não”.

Afirmações menos contundentes do que as de Codato acionaram os aparelhos do governo e levaram à manifestação contra o “golpe midiático” na semana passada. Mas democracia é isso. Ouvir o contraditório, ainda que o contraditório seja movido por paixões pecuniárias.

Não culpemos Codato. A Gazeta errou ao não ouvir um especialista isento. Preferiu recorrer a um acadêmico da Universidade Federal do Paraná, cuja contaminação petista é notória.

Codato é frequentemente convocado para opinar sobre assuntos referentes à política. Erra feio na maioria. Falou sobre o nepotismo num momento em que o assunto era efervescente na Assembleia. Saiu de lado. Não disse nada. Bancou o Leão da Montanha.

Em outro caso, disparou, com atraso considerável, ao discutir a “ditabranda” e a “ditadura”. Não leu o editorial da “Folha de S. Paulo”. Preferiu se fiar pelo que já havia sido escrito pelos acadêmicos irmanados. Perdeu uma grande chance de abordar o assunto com seriedade e a discutir o termo sob o ponto de vista do maquiavelismo – sua especialidade. Quanto ao termo, não foi inventado pela “Folha”. Nem defendido por ela. E nem seria necessário uma leitura atenta para concluir isso.

Provavelmente Codato apoiou o risível Movimento dos Sem Mídia (MSM). E o pensamento dos MSM – o acadêmico deve concluir – é que sem-mídia pressupõe com-mídia. Deu, então, na TV Brasil. Pior, no uso de funcionários do governo para filmar os comícios de Dilma, quando ela estava acompanhada de Lula. Funcionários não-alinhados denunciaram o caso. A Folha registrou. Fez jornalismo ou guerra ideológica? Por favor, Codato com a palavra.

Se Dilma, vencer, e esse é o cenário mais provável – mesmo num eventual segundo turno –, espero ler na Gazeta um artigo de Codato discutindo a “democracia” e a “democradura” sob a ótica das declarações de José Dirceu, o Chefe do Mensalão, e da parolagem de Lula. Eu sei, a cara de pau dessa gente não tem limites. Peroba neles, irmão!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

E A ‘ISTOÉ’ DEU UM TIRO NO PÉ


A IstoÉ deu um tiro no pé, na edição desta semana, ao correr para ouvir a ex-ministra da Casa Civil da Mãe Joana, Erenice Guerra, quando deveria, ao menos, tentar fazer jornalismo e puxar o fio da meada já desembaraçado por outras publicações.

Deu em rapa-pé, deu em beija-mão, deu em reverência com dobradiça nas vértebras. Pior: deu em má reportagem. E sustentada por uma acusação que cheira ruim: a de que o ex-servidor da Casa Civil, Vinícius Castro, que pediu demissão tão logo a denúncia veio a público, seria o único responsável por fazer do tráfico de influência sua fonte alternativa de renda. Donde a chamada da capa da revista (“Foi uma traição”) seria a confirmação das suspeitas de Erenice Guerra, agora chamada jocosamente de Exrenice Guerra.


Erenice Guerra acusa o ex-assessor Vinícius Castro de ser o único responsável pelo tráfico de influência na Casa Civil.

A se considerar verdadeira a entrevista, Castro teria agido sozinho na empresa Capital, onde era sócio de Saul e de Israel Guerra – este na condição de “oculto” – e urdido as maracutaias sob as barbas de Lula, que despachava no andar acima, e do buço proeminente de Erenice, que a IstoÉ não se dispôs a retocar.

Ora, se a inocência dos Guerra fosse tão evidente, os R$ 120 mil da Via Net não teriam pingado na conta de Israel em forma de Transferência Eletrônica Direta, a chamada TED.

Aliás, este o único pecadilho da família. Israel deve ter se sentido tão à vontade na condição de achacador militante, que descuidou-se ao permitir que o dinheiro fosse depositado em conta corrente, esquecendo-se que a mufunfa poderia ser rastreada facilmente.

Não fosse isso e o gesto teatral da ministra ao autorizar a quebra do seu sigilo fiscal, telefônico e bancário teria surtido o efeito desejado. Mas achacador que se preze, não recebe dinheiro PP (sigla para propina na linguagem lulo-petista) em conta bancária ou em cheque nominal, mas em dinheiro vivo, embalado em envelope pardo e dentro de pasta 007 na calada da noite.

Em vez de aprofundar-se no assunto, a IstoÉ preferiu atender a encomenda e concentrar-se no drama pessoal da ministra, a ponto de reproduzir declaração solidária de Lula: “Agora vá para casa. Meu filho também foi alvo de campanha sórdida”. Referia-se o presidente, obviamente, a Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, e a sua empresa Gamecorp, comprada a peso de ouro pela Telemar.


Israel Guerra chora e diz: "Estou desorientado. Não sei o que vou fazer da minha vida". Sabe sim, Israel.

Em outro trecho da longa reportagem, a revista indaga, erroneamente, se caso os tucanos estivessem liderando as pesquisas, Erenice Guerra teria sido “abatida”? Ora, não foram os tucanos os responsáveis pela denúncia – quem dera tivessem bala (de prata) na agulha – mas o jornalismo que ainda grassa nesse país, apesar das tentativas petistas de silenciá-lo.

Se dona Erenice Guerra julgava-se em família ao deixar o governo, seria de bom alvitre que se aproximasse de seus entes queridos. Nesta terça (21), em entrevista ao “Bom Dia Brasil”, a presidenciável petista Dilma Rousseff evitou o nome da ex-braço-direito e tratou-a como “aquela pessoa”. Evidente que quer distanciar-se ao máximo da mulher-bomba (no bom sentido, é claro).

Quanto ao futuro da ex-ministra, diga-se que ela é funcionária de carreira do governo federal e filiada ao PT desde o alvorecer do partido, em 1981. O choro de Israel na IstoÉ convenceu pouco. Elio Gaspari lembrou, em sua coluna na Folha de S. Paulo, que nos últimos 14 anos – o que incluiria os governos Lula e FHC com PhD – a família Guerra ocupou 17 (atenção, dezessete!) cargos públicos. O sobrenome de dona Erenice e de seus filhos diz tudo. Eles não são de largar o osso tão fácil.

POLÍTICA DO BLOGO

É permitido opinar, criticar e discordar dos posts e comentários publicados neste espaço desde que a Convenção de Genebra não seja mandada às favas. Também concedo-me o direito de observar os bons e maus costumes. Ou seja, filtrarei, deletarei e empalarei as agressões pessoais abaixo da cintura e os vitupérios dirigidos a outros que não este blogueiro (falem mal, mas falem de mim). No mais, soltem a franga.

  © Blogo Marcus Vinicius 'www.blogodomarcus.com.br 2008

Voltar para CIMA