E A ‘ISTOÉ’ DEU UM TIRO NO PÉ
A IstoÉ deu um tiro no pé, na edição desta semana, ao correr para ouvir a ex-ministra da Casa Civil da Mãe Joana, Erenice Guerra, quando deveria, ao menos, tentar fazer jornalismo e puxar o fio da meada já desembaraçado por outras publicações.
Deu em rapa-pé, deu em beija-mão, deu em reverência com dobradiça nas vértebras. Pior: deu em má reportagem. E sustentada por uma acusação que cheira ruim: a de que o ex-servidor da Casa Civil, Vinícius Castro, que pediu demissão tão logo a denúncia veio a público, seria o único responsável por fazer do tráfico de influência sua fonte alternativa de renda. Donde a chamada da capa da revista (“Foi uma traição”) seria a confirmação das suspeitas de Erenice Guerra, agora chamada jocosamente de Exrenice Guerra.
Erenice Guerra acusa o ex-assessor Vinícius Castro de ser o único responsável pelo tráfico de influência na Casa Civil.
A se considerar verdadeira a entrevista, Castro teria agido sozinho na empresa Capital, onde era sócio de Saul e de Israel Guerra – este na condição de “oculto” – e urdido as maracutaias sob as barbas de Lula, que despachava no andar acima, e do buço proeminente de Erenice, que a IstoÉ não se dispôs a retocar.
Ora, se a inocência dos Guerra fosse tão evidente, os R$ 120 mil da Via Net não teriam pingado na conta de Israel em forma de Transferência Eletrônica Direta, a chamada TED.
Aliás, este o único pecadilho da família. Israel deve ter se sentido tão à vontade na condição de achacador militante, que descuidou-se ao permitir que o dinheiro fosse depositado em conta corrente, esquecendo-se que a mufunfa poderia ser rastreada facilmente.
Não fosse isso e o gesto teatral da ministra ao autorizar a quebra do seu sigilo fiscal, telefônico e bancário teria surtido o efeito desejado. Mas achacador que se preze, não recebe dinheiro PP (sigla para propina na linguagem lulo-petista) em conta bancária ou em cheque nominal, mas em dinheiro vivo, embalado em envelope pardo e dentro de pasta 007 na calada da noite.
Em vez de aprofundar-se no assunto, a IstoÉ preferiu atender a encomenda e concentrar-se no drama pessoal da ministra, a ponto de reproduzir declaração solidária de Lula: “Agora vá para casa. Meu filho também foi alvo de campanha sórdida”. Referia-se o presidente, obviamente, a Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, e a sua empresa Gamecorp, comprada a peso de ouro pela Telemar.
Israel Guerra chora e diz: "Estou desorientado. Não sei o que vou fazer da minha vida". Sabe sim, Israel.
Em outro trecho da longa reportagem, a revista indaga, erroneamente, se caso os tucanos estivessem liderando as pesquisas, Erenice Guerra teria sido “abatida”? Ora, não foram os tucanos os responsáveis pela denúncia – quem dera tivessem bala (de prata) na agulha – mas o jornalismo que ainda grassa nesse país, apesar das tentativas petistas de silenciá-lo.
Se dona Erenice Guerra julgava-se em família ao deixar o governo, seria de bom alvitre que se aproximasse de seus entes queridos. Nesta terça (21), em entrevista ao “Bom Dia Brasil”, a presidenciável petista Dilma Rousseff evitou o nome da ex-braço-direito e tratou-a como “aquela pessoa”. Evidente que quer distanciar-se ao máximo da mulher-bomba (no bom sentido, é claro).
Quanto ao futuro da ex-ministra, diga-se que ela é funcionária de carreira do governo federal e filiada ao PT desde o alvorecer do partido, em 1981. O choro de Israel na IstoÉ convenceu pouco. Elio Gaspari lembrou, em sua coluna na Folha de S. Paulo, que nos últimos 14 anos – o que incluiria os governos Lula e FHC com PhD – a família Guerra ocupou 17 (atenção, dezessete!) cargos públicos. O sobrenome de dona Erenice e de seus filhos diz tudo. Eles não são de largar o osso tão fácil.
1 comentários:
Bom. Como não tenho conhecimento da Convenção de Genebra e estou com preguiça de pesquisar sobre a mesma, só vou dizer uma coisa:
"SEM COMENTÁRIOS..."
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