terça-feira, 24 de agosto de 2010

POLÍITCA AQUI E NO AQUÉM DO ORIENTE


Campanha eleitoral na Coréia do Sul, em 2002: voluntários exibem faixas e bandanas pintadas à mão para divulgar as propostas do candidato.

Cada vez que ouço falar em gasto de campanha, escondo a minha carteira. Só a previsão de despesas de José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) nas eleições presidenciais atinge a marca dos R$ 337 milhões. Isso em Caixa 1, porque como disse Lula certa vez em Paris, Caixa 2 ou dinheiro não-contabilizado é uma tradição nacional que veio com as Caravelas.

Tal gastança é inconcebível, por exemplo, em países asiáticos como o Japão e a Coréia do Sul, cujas democracias sólidas não permitem abusos de seus políticos e qualquer ato de corrupção é punido com rigor. No mínimo com a perda do mandato, como já ocorreu diversas vezes com primeiros-ministros japoneses.

No caso do Japão, não há horários eleitorais gratuitos no rádio e na TV. As campanhas são realizadas através de comerciais pagos pelos partidos ou na internet. Os poucos comícios são modestos. Utilizam-se ônibus ou veículos utilitários adaptados com palanque em que se estendem faixas com ideogramas pintados à mão. Sem música, parafernália ou adereço, o candidato sobe ao palanque e faz seu discurso, muitas vezes sem auxílio de microfone. Os cabos eleitorais circulam em volta, exibindo bandanas com o nome do partido ou do concorrente. Mais nada. Vota quem quiser, porque o voto é facultativo. No mais, goza-se de plena democracia.

Na Coréia do Sul, em 2002, presenciei durante a Copa do Mundo, uma campanha política municipal nos mesmos moldes da do Japão. A diferença é que, encerrado o discurso do candidato, os cabos eleitorais enfileiravam-se na calçada e cantavam algo parecido com “Passarinho quer dançar, o rabinho balançar, porque acaba de nascer...” Na língua coreana, é claro.

O "espetáculo" era repetido em vários pontos da cidade(no caso, Ulsan) sempre acompanhado de um grupo de 10 ou 15 pessoas, todos voluntários, apresentando as propostas do candidato. Para os coreanos, a distribuição de lanches e o aluguel de ônibus para trazer eleitores da periferia é coisa inimaginável e passível de repulsa. No Brasi, ora veja, é prática frequente. Tão frequente que, apurados os votos e empossados os vencedores, o lanchinho é mantido com um nome de programa social - Bolsa Esmola, por exemplo - para garantir que os que votam aqui votam acolá, em um círculo vicioso muito conveniente.

Quanto à propaganda eleitoral "gratuita" no Brasil, basta dizer que o governo federal irá garantir R$ 800 milhões em isenção fiscal às emissoras de rádio e TV para compensar a queda de arrecadação publicitária durante o período. Sim, a cara de pau também veio com as Caravelas.

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