sexta-feira, 20 de agosto de 2010

EI PRESIDENTE DO TSE, HUMOR DE CANDIDATO NÃO RIDICULARIZA O ELEITOR?


Ei Justiça Eleitoral, pegue leve com os humoristas. Pense bem: pior, são os humoristas que se apresentam como candidatos. Quem degrada quem?

O presidente do TSE, Ricardo Lewandowski, só pode estar de brincadeira. Pândego como nunca antes na história, ele levou adiante a resolução que proíbe programas de humor de TV e rádio de ridicularizar ou degradar candidato, partido ou coligação, em nome da isonomia política que exigiria a esculhambação na mesma medida de todos os concorrentes.

A saída seria criar um horário eleitoral gratuito em que cada candidato teria sua réplica humorística. Mas nem foi preciso. Os próprios concorrentes encarrregaram-se de suprir essa lacuna que preza pela ausência de propostas.

E não é preciso ir muito longe para comprovar essa afirmação. Basta assistir a propaganda eleitoral gratuita – que não é gratuita coisa nenhuma, e começa aí a piada – que desde 17 de agosto invade as casas de 135,8 milhões de eleitores. Há casos como o do comediante Tiririca, candidato a deputado federal em São Paulo, que afirma ao telespectador ou ouvinte: “Titica por titica, vote no Tiririca”. “Você sabe para que serve um deputado? Nem eu.” “Vote Tiririca. Pior não fica”.

E para ficarmos em exemplos locais, há um candidato em Curitiba que diz: “Meu nome é Bill. Você nunca me viu”. Quaquaquá. Ou ainda um concorrente que, com ar de seriedade, brada aos eleitores: “Se você está cansado dos atuais atores políticos, Tomate neles!” Tomate é o codinome do tal que constará na urna eletrônica.

Outros partidos parecem ter adotado a Lei Falcão por conta própria e mostram apenas as caras de seus correligionários. Cheiroso, Lingüiça do Circo, Leão Brasil, Papai Noel e outras aberrações que seriam cômicas, não fossem trágicas, aparecem em imagens congeladas ou em declarações curtas e ininteligíveis.

Há que se perguntar ao presidente do TSE, se a degradação que ora se impõe aos humoristas não deveria ser tema de reflexão quando se trata de candidatura com tal teor de comicidade? Comicidade esta que, degrada e ridiculariza, em efeito reverso, o próprio eleitor.

Vale lembrar episódio recente em que membros da Câmara dos Deputados sentiram-se ofendidos com alusões feitas aos parlamentares no programa “Casseta & Planeta” (Rede Globo), levando o Legislativo Federal a estudar a abertura de um processo contra os humoristas.

Os nobres políticos reclamaram especialmente dos quadros em que foram chamados de “deputados de programa”, onde uma prostituta se diz ofendida ao ser comparada a um parlamentar, e de outro em que aparecem sendo vacinados contra a “febre afurtosa”.

Ao ver a fita do programa, afirma um deputado, duas colegas teriam chorado, tal a humilhação sofrida. Pois fiquem certos, deputados, que o aviltamento é recíproco.

A “Nota de Esclarecimento” da equipe do Casseta&Planeta tornou-se um libelo da liberdade de expressão, ora desprezada pela resolução do TSE. Em tom de blague, os humoristas afirmam que em “nenhum momento tiveram a intenção de ofender as prostitutas. O objetivo da piada era somente comparar duas categorias profissionais que aceitam dinheiro para mudar de posição”.

Os humoristas informam também que, não há nenhum impedimento para que abram espaço no programa, a fim de que os deputados possam usufruir do legítimo “direito de resposta”. Só veem um problema, este de ordem técnica: “Nossas gravações ocorrem às segundas-feiras, o que obrigará os deputados a 'interromper seu descanso'”

Diante de um cenário como este, em que a pilhéria está posta em duas vias, indaga-se ao presidente do TSE, se a degradação e a ridicularização que assomam o eleitorado na privacidade de seu lar não os torna impotentes diante daquilo que deveria ser a festa da democracia.

Claro, a liberação do humor no rádio e na TV não significa uma censura aos políticos que, porventura, queiram se mostrar engraçados diante do eleitores. Tudo o que os humoristas não querem é uma lei de “reserva de mercado” – se é que Lewandowski entende. O presidente do TSE, pois, fique à vontade.

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