O TIME DA INTOLERÂNCIA

Governador Requião "Bibelô" em ação: "É casada, trai o marido?"

As manifestações do ex-governador do Paraná, Roberto Requião, que usou o twitter (@requiaopmdb) para definir Fernando Henrique Cardoso e José Serra como "travestis", só causariam surpresa se fossem um caso isolado. Não são. Requião é aquele mesmo que abordava balconistas de loja, evidentemente, constrangidas, com a cantada típica do "Bibelô" – personagem de Angeli: "é casada, trai o marido". É também o homem que, repudiando a manifestações de agricultores, mandou que eles enfiassem faixa de protesto no "rabo". E, em outro gesto tresloucado, ao lado de Hugo Chávez (a quem idolatra), mandou à merda manifestantes do MST em pleno Teatro Guaíra.


Sudoeste do PR: Agricultores estendem faixa pedindo para plantar transgênicos. Requião manda que eles enfiem "faixa no rabo".

Mas se o tema é homossexualismo, Requião fez mais: usou a Escola de Governo, aberração televisiva transmitida ao vivo, às terças-feiras, pela Paraná Educativa para insinuar que o câncer de mama masculino seria uma consequência das paradas gays.


Requião usa a Escola de Governo para fazer piada com a incidência do câncer de mama nos homens: "é efeito da parada gay".


No "Jornal da Globo", Arnaldo Jabor comenta homofobia de Requião: o governador faz fama.

É preciso esclarecer que Requião tratou de "travestis" FHC e José Serra porque soube que eles haviam se reunido com o jogador Ronaldo em um jantar. O que fazia, então, era alertar o jogador, cujo passado com travestis, na acepção da palavra, já rendeu-lhe um escândalo de grandes proporções. Atacado no twitter, Requião apelou ao léxico: "Travesti é alguém que se faz passar pelo que não é". Muito bem. Mas se é o caso, o ex-governador deveria ter feito a mesma consulta quando foi acusado de nepotista. Ao invés disso, preferiu denominar-se "militante" e "esclarecido" no quesito.

Que Requião, contudo, não se sinta isolado. Há petistas de alto escalão que tem seguido seus passos como fiéis enlevados. Em plena campanha reeleitoral, em 2006, o presidente Lula definiu a cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul, como "exportadora de viados". Já a petista Marta "Relaxa e Goza" Suplicy, preferiu fazer insinuações ao fato de Gilberto Kassab (DEM), seu oponente na disputa à prefeitura de São Paulo, ser solteiro. "Afinal quem é Kassab?" perguntava o PT na inserção partidária. "É casado? Tem filhos?" E concluía: "Para decidir certo é preciso conhecer bem".


Lula em diálogo de bastidores: "Pelotas é cidade pólo, né? Exportadora de viados".


Campanha de Marta Suplicy (PT)insinua que Gilberto Kassab (DEM) é gay: "Ele é casado? Tem filhos?

Registre-se que, em todos os casos, a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros (ABGLT), presidida pelo indefectível Toni Reis, silenciou ou limitou-se a pedir uma reunião (no caso de Requião) e, obviamente, não foi atendida. Fosse em outro caso, faria barulho e levaria o caso à Justiça, mas é publico e notório que ABGLT recebe recursos do governo federal e estadual. Nesse caso, é mais prudente relevar.

No episódio mais "fresco" (sem trocadilhos, please), o presidente do PT do Paraná, Ênio Verri, cuja ascendência licantrópica é indisfarçável, vetou o registro da travesti Andrielly Vogue, alegando que ela estava registrada por seu nome masculino, José Adriano Elias, e não por sua identidade de gênero, o que lhe permitiria a inscrição na cota de mulheres na disputa à Assembleia Legislativa. O que é estranho e soa como preconceito é que, em 2008, Andrielly foi aceita como candidata a vereadora pelo PT, na cota feminina, obtendo pouco mais de 300 votos para vereadora. O que mudou de lá para cá, só o PT pode explicar.