DONA YVELISE, BABÁ E OUTRAS MARACUTAIAS CORPORATIVAS
O ministro Orlando Silva (Esportes), flagrado comprando uma tapioca de R$ 8,30 com cartão corporativo: "foi coisinha pouca".
O escândalo envolvendo diárias de viagens da Secretaria de Educação traz à tona novamente o mau uso do cartão corporativo, aquele mesmo que fez a festa do ministro Orlando Silva, ao comprar uma tapioca por R$ 8,30, e da ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, ao esbaldar-se em choperias, hotéis e no aluguel de carros, mesmo gozando de merecidas férias. Isso é que é Igualdade.
Com o escândalo, Matilde foi obrigada a escafeder-se, enquanto Orlando Silva devolveu os R$ 8,30 aos cofres públicos e salvou o pescoço. O correto seria tomar o mesmo caminho da roça de Matilde, afinal, aos olhos da lei, roubo é roubo, não importando o valor.
A ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro. Choperia, shopping e hotéis: tudo pago com cartão corporativo. E durante as férias!
Parece que foi ontem, não? E foi. Em 2008, o aparelho petista regalou-se com os cartões corporativos que haviam sido instituídos na era FHC. Por conta disso, aliás, a hoje ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, tratou de comandar a produção de um dossiê em que apontaria os gastos de Fernando Henrique Cardoso e Ruth Cardoso. Quando o golpe baixo foi denunciado, a presidenciável Dilma Rousseff, então ocupando o cargo que hoje é de Erenice, tratou de ligar para Dona Ruth, que morreria meses depois, para pedir-lhes desculpas.
O caso, contudo, serviu para alimentar a ganância de setores do baixo clero administrativo, como a Secretaria de Educação do Paraná. Através da Central de Viagens e utilizando-se de cartões corporativos “emprestados”, o Ministério Público apurou o desvio de R$ 800 mil que deveriam ser usados em outras viagens para outros fins. Há casos, como mostra a reportagem da “Gazeta do Povo” nesta sexta-feira (30), em que uma funcionária do alto escalão teria exigido o pagamento de diárias para uma estagiária a fim de que ela pudesse trabalhar como “babá” durante a viagem.
Os casos de maior envergadura, no entanto, dão conta de que funcionários da Central de Viagens teriam programado despesas de deslocamento que nunca foram realizados e trataram de embolsar o dinheiro.
Um decreto de 2004 do então governador Roberto Requião, facilitou as coisas ao dispensar a comprovação de despesas de alimentação e hospedagem dos servidores em viagem. Sopinha no mel.
De acordo com promotora de Defesa do Patrimônio Público do MP, Adriana Vanessa Rabelo, há fortes indícios de responsabilidade dos altos escalões da secretaria o que incluiria a chefe da pasta Yvelise Arco Verde.
O próprio sistema de controle da Central de Viagens exige a autorização de, pelo menos, quatro setores. O último deles seria o gabinete da Secretaria de Educação do Paraná.
Yvelise assumiu a vaga, em 2008, de Maurício Requião, então considerado pelo irmão-governador o maior secretário de Educação do Brasil (quiçá do planeta).
Superintendente da secretaria, Yvelise foi cedida pela Universidade Federal do Paraná em 24 de janeiro de 2003. Desde então fez o que o lulo-petismo tem feito em maior escala no governo federal: confundir coisa pública com coisa privada.
A secretária de Educação Yvelise Arco Verde: ela já é suspeita de peculato. Agora pode estar envolvida num esquema que desviou R$ 800 mil em viagens que não foram realizadas.
O caso de Yvelise é impressionante. Enquanto ocupava um cargo público, uma empresa onde é sócia minoritária – a Arco e Verde e Souza Ltda – fornecia serviços à Secretaria de Educação.
Documentos disponíveis no SIAF (Sistema Integrado de Acompanhamento), mostra que a micro-empresa de Yvelise, ligada à área de Engenharia Civil, vendeu estudos de edificações para a secretaria em 2005. Pelo serviço, a empresa recebeu, em 20 de dezembro de 2005, o valor de R$ 7.896,00, dividido em quatro faturas.
O crime praticado por Yvelise é o de peculato e está descrito nos artigos 312 e 313 do Código Penal Brasileiro. Prevê, inclusive, punição de 2 a 12 anos para aquele que subtrai valor do Erário em proveito próprio ou alheio, “valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário”.
É o caso de Yvelise. O escândalo que agora toma conta da Secretaria da Educação do Paraná é só a cereja no bolo. Fosse o governador Orlando Pessuti um homem sério e exigiria uma apuração rigorosa. Mas o bonachão parece estar mais interessado em cumprir o restinho do seu mandato e usufruir das benesses que a aposentadoria de R$ 26 mil como governante pode lhe proporcionar.
0 comentários:
Postar um comentário
Somente aqui a sua mensagem não precisa passar pelo crivo da censura. Use e lambuze, mas respeite a Convenção de Genebra.