LULA E A LEI DA PEDRA
A adolescente Aisho Ibrahim Dhuhulow, apedrejada em outubro de 2008, no Irã, por "deixar-se" estuprar.
Está nos jornais. A iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada por adultério no Irã, deve ser morta por apedrejamento. O ritual consiste em enterrar o seu corpo até a cabeça e então convocar populares para que lhe arremessem os pedregulhos, o que é um ato "divertido" e religioso. O Islamismo condena o adultério, mas perdoa o assassinato. Basta que a família da vítima e do assassino entrem em um acordo em dinheiro ou em animais (cabras, por exemplo).
Ashtiani já recebeu 99 chibatadas e o presidente Lula, que visitou o país recentemente em busca de um acordo nuclear pífio, julga inconveniente intervir em uma questão milenar. “Se começam a desobedecer as leis deles para atender o pedido de presidentes, vira uma avacalhação”. Nunca antes na história...
Ora, ora, Lula não levou em conta a desobediência da leis dentro e fora do país ao se aliar ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e tentar desestabilizar o governo de Honduras, através da embaixada brasileira instalada no país.
Lula julgou também, de bom alvitre, dar o status de refugiado político ao terrorista Cesar Battisti e apareceu sorrindo ao lado de Raúl Castro no mesmo dia em que Orlando Zapata morria nas prisões cubanas vítima de greve de fome.
Lula fez “melhor”. Em discurso após a morte de Zapata, tratou de comparar os presos cubanos aos “criminosos comuns” do Brasil. A comunidade internacional, no entanto, foi mais racional ao julgar o ato heroico e libertários dos cubanos. Com a intermedição da Espanha e do Vaticano, 52 presos do regime castrista foram libertados.
Foi mais um tiro no pé de um governo, que antes, havia agido deliberadamente para deportar dois boxeadores cubanos que haviam pedido asilo ao Brasil. A cena seguinte seria ainda mais deprimente. Lula foi ao Irã para mediar um acordo de redução do armamento nuclear que se revelou desastroso. O Irã continua a beneficiar urânio a 20% e os Estados Unidos, bronqueados, proibiram a exibição de “Lula, o Filho do Brasil” nos cinemas americanos. Não perderam muito.
A empáfia de Lula, no entanto, poderia ter diminuído com o anúncio do apedrejamento de Ashtiani. É uma prática bárbara, assim como é bárbara a amputação da mão direita daqueles que roubam ou tentam cometer suicídio. No mais, como classificou Eliane Cantanhêde hoje (29), na Folha de S. Paulo, Lula classificou de “chororô de perdedor” o protesto de iranianos que denunciaram fraude nas eleições do país.
Lula pisa em terreno minado, embalado em sua popularidade interna, mas deveria ter conhecimento de que o seu namoro com o exterior há muito anda sofrendo desgaste profundo.
Se consultasse seus assessores mais esclarecidos – se é que eles existem – Lula saberia do caso de Aisho Ibrahim Dhuhulow, uma adolescente apedrejada até a morte, em outubro de 2008, por “deixar-se” estuprar. Isso, presidente, chama-se horror, não avacalhação.
0 comentários:
Postar um comentário
Somente aqui a sua mensagem não precisa passar pelo crivo da censura. Use e lambuze, mas respeite a Convenção de Genebra.