terça-feira, 20 de julho de 2010

QUE LUÍS NA$$IF ENFIE O BANDOLIM NO SACO


Luís Nassif toca bandolim em evento público: com R$ 1,28 milhão anual do governo, ele ainda enfia o instrumento no saco e segue carreira de "Trovador do Rei".

Lá se vão quatro meses que a Folha de S. Paulo denunciou, em reportagem de Rubens Valente, um caso escandaloso: a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), que substituiu a Radiobras, paga ao “jornalista” Luís Nassif R$ 1,28 milhão por ano para prestação de serviço.

E que tipo de serviço é esse? A empresa de Nassif – a Dinheiro Vivo (o nome diz tudo) – produz um debate semanal de uma hora para a TV Brasil (traço de audiência) e cinco filmetes semanais de três minutos, cujo conteúdo restringe-se aos indicadores econômicos que Nassif já apresentou em outras emissoras.

O programa estreou no mesmo mês de março sem que fosse feita licitação, afinal trata-se de uma emissora pública. E para produzi-lo, Nassif amealha R$ 660 mil a “título de remuneração”. Ou seja, R$ 55 mil mensais.

Nassif tem se ocupado, em seu blog, a defender toda e qualquer ação do governo Lula. Ao mesmo tempo, ataca impiedosamente a imprensa que considera adversária do PT. A “Veja” move um processo contra o jornalista.

Ao dar explicações sobre o contrato com a EBC, Nassif afirmou, por e-mail – essa gente não gosta do tête-à-tête – que os “insumos de produção cresceram de forma não prevista no contrato original”, o que demandou um adendo contratual, transformado em R$ 1,28 milhão anual.

Deste valor, Nassif gasta apenas R$ 49 mil com a produção do programa semanal e outros R$ 558 mil para o pagamento de salários de uma equipe de nove pessoas.

A EBC, fraternalmente, cede o estúdio para a gravação do programa e custeia também o deslocamento (leia-se passagens aéreas) e o hotel para os convidados.

Com tantas benesses, Nassif encarrega-se de dar o melhor de si para expressar sua gratidão ao lulo-petismo. Em fevereiro deste ano, quando a Folha revelou que a Eletronet, braço da zumbi estatal Telebrás, pagou R$ 620 mil ao ex-ministro José Dirceu para que ele fizesse o papel de lobista junto ao governo, Nassif imediatamente saiu em defesa de Dirceu, desqualificando o jornal, onde trabalhou por mais de uma década, e o jornalista autor da reportagem. Há 660 mil explicações para tal servilismo.

Ao ser confrontado com a ausência de concorrência para a contratação de sua empresa, Nassif respondeu com o clássico “relativismo ético” - comum ente os petitas -, afirmando que a Secretaria de Educação de São Paulo adquirira 5.499 assinaturas da “Folha” também sem licitação. Ora, como o próprio jornal afirma, idêntico procedimento foi adotado na aquisição dos jornais “O Estado de S. Paulo” e das revistas “Veja”, “Época” e “IstoÉ” para abastecer as bibliotecas das escolas públicas. Ainda mais, não se comprou serviço. Comprou-se produto.

Talvez, a indignação do jornalista esteja no fato da secretaria não ter incluído no rol de jornais também o “Granma” cubano ou a coleção de discursos do venezuelano Hugo Chávez sobre o socialismo do Século XXI. É lamentável.

Nassif, que deve usar óleo de peroba no pós-barba, disse presumir que a dispensa de licitação para a contratação da “Dinheiro Vivo” é a sua notória especialização. No programa, Nassif leva apresentadores e permite a participação de internautas. Quer coisa mais manjada? Mas se o jornalista diz que isso exige notória especialização...

Nassif é um apaixonado pelo chorinho. E por muito tempo dedicou colunas dominicais na Folha ao seu hobby. Até que a direção do jornal o lembrou que ele era um crítico de economia, escrevia em um caderno de economia e tinha responsabilidade com o leitor. O jornalista ficou bicudo.

Louve-se, no entanto, o seu esforço para apresender bandolim e poder reproduzir nas cordas do instrumento as músicas prediletas. Pena que isso não tem nada a ver com jornalismo.

De qualquer forma, a “dinheirama viva” que Nassif está acumulando no governo deve fazer com que, em breve, ele enfie o bandolim no saco e saia por aí fazendo o papel de trovador do rei. Experiência e notória especialização é o que não lhe falta.

0 comentários:

Postar um comentário

Somente aqui a sua mensagem não precisa passar pelo crivo da censura. Use e lambuze, mas respeite a Convenção de Genebra.

POLÍTICA DO BLOGO

É permitido opinar, criticar e discordar dos posts e comentários publicados neste espaço desde que a Convenção de Genebra não seja mandada às favas. Também concedo-me o direito de observar os bons e maus costumes. Ou seja, filtrarei, deletarei e empalarei as agressões pessoais abaixo da cintura e os vitupérios dirigidos a outros que não este blogueiro (falem mal, mas falem de mim). No mais, soltem a franga.

  © Blogo Marcus Vinicius 'www.blogodomarcus.com.br 2008

Voltar para CIMA