ABAIXO O PLIM-PLIM
Dunga: avesso a crítica, avesso à imprensa e sem opinião sobre ditadura e escravidão.
Da mesma forma que disseminou-se no twitter a campanha “CALA BOCA GALVÃO” (sic), esforça-se agora para boicotar a Globo na transmissão do jogo entre Brasil e Portugal. Tudo porque, na interpretação dos dunguistas ou defensores do técnico Dunga, seria ele – e não o repórter Alex Escobar – o ofendido na entrevista coletiva após a partida entre a seleção brasileira e a Costa do Marfim.
A diferença no caso de Galvão Bueno, um mala que, como costumo dizer, paga por excesso de bagagem mesmo quando carrega um envelope, é que a campanha restringiu-se à blague, enquanto no boicote à Globo mistura-se activia com política lulo-petista e dá em inevitável caca.
Este escriba que vos escreve fez a cobertura da Copa do Mundo de 2002 e viu, com uma ponta de inveja (e raiva), a global Fátima Bernardes, ser a única a entrevistar os jogadores pentacampeões dentro do ônibus da seleção. Afora isso, havia os privilégios costurados pela CBF que incluíam exclusivas com Luiz Felipe Scolari, Ronaldo Fenômeno e com os principais jogadores da seleção. O que fazer? A Globo era a principal patrocinadora da Copa e a CBF, de Ricardo Teixeira, lhe esticava o tapete vermelho sem cerimônias.
Ainda assim, a paciência da comissão técnica, dos assessores de imprensa, do técnico e de alguns jogadores, possibilitaram que fizéssemos nosso trabalho a contento.
Em 2010, são outros quinhentos. Dunga tem uma evidente aversão à imprensa. Já deixou isso bem claro, em 1994, ao erguer a taça do tetracampeonato, usando todo o seu repertório de impropérios e ao opinar sobre temas políticos que, ao que parece, fogem ao seu raciocínio botocudo.
Exemplo. Na entrevista em que convocou a seleção, lembra Fernando Barros e Silva, na Folha de S. Paulo desta quarta-feira (23), Dunga disse que não poderia afirmar se a ditadura brasileira fora boa ou ruim porque “só quem viveu é que pode nos dar a resposta”. Pelo jeito, assim como Lula, Dunga orgulha de nunca ter lido um livro, nem sequer passado pelos bancos da escola.
O treinador foi mais longe. Comparou a ditadura à escravidão, um tema que, por si só, mereceria a repulsa de qualquer ser humano. “É a mesma coisa sobre a época da escravidão. Eu não vivi, como é que vou dizer - ah, era ruim, era bom, não sei”. Hmmmmmmm.
O que se viu no dia da entrevista mais recente foi um Dunga, visivelmente irritado, indagando de Alex Escobar se havia um problema (e não havia). Escobar falava ao telefone com Tadeu Schmidt. Pronto, já há uma campanha em voga, novamente assassinando o português: “CALA BOCA TADEU SCHMIDT” (sic).
Do ponto de vista do jornalismo, a Globo foi correta. Nada há a objetar. Fez o seu papel e Dunga deveria mesmo ter um comportamento compatível com seu cargo e não sair resmungando palavrões captáveis pelos microfones.
É um caso de soberba? É. Talvez, entre tantos bolões que estejam sendo feitos no país, aposte-se até quando essa soberba de Dunga irá durar. Tomara que até o Hexa. Enquanto isso, estarei sintonizado na Globo assistindo os jogos da seleção brasileira confortavelmente em minha poltrona. Os antiglobais, por favor, carreguem o mundo.
2 comentários:
Ah sim, A globo fez seu papel correto... ou seja, omitiu o conteúdo da conversa do Alex Escobar ao telefone, que era exatamente reclamando do Dunga o fato de ele ter proibido as exclusivas para a Globo.
O povo fala tanto que a Globo emitiu a conversa de Alex Escobar. Será que não tinha nenhum jornalista de outra emissora no momento pra delatá-lo então?
Postar um comentário
Somente aqui a sua mensagem não precisa passar pelo crivo da censura. Use e lambuze, mas respeite a Convenção de Genebra.