sábado, 26 de junho de 2010

O QUE TERIA ACONTECIDO COM O PSDB, BABY JANE?


-- Você vê alguma saída para o PSDB, Baby Jane?
-- Cala a boca, senão dessa vez sou eu que te atropelo.


O anúncio do senador Alvaro Dias (PSDB-PR) como vice de José Serra parece ter definido o estilo "biruta de aeroporto" dos tucanos. Lá se vão oito anos desde que FHC deixou o poder e parece que o PSDB continua a chafurdar em uma espécie de limbo. Se não, como encontrar explicação na indicação que agora se concretiza. Era uma piada de salão delubiana que virou realidade. Até segunda ordem, o que se queria era que o ex-governador de Minas, Aécio Neves, descesse de seu pedestal e se apresentasse como vice, longe de suas vaidades pessoais. Mas não, ele insiste em ser senador da República, acreditando, por certo, que a reforma política tratará de transformar o mandato de presidente da República em um tiro curto de cinco anos, o que lhe possibilitará pleitear a vaga sem a sombra de José Serra ou de qualquer tucano que flane à sua volta. Ledo (Ivo) engano.

É um erro estratégico, como tantos que o PSDB cometeu. Em 2002, FHC aceitou a indicação de José Serra, mas rejeitou a sua cria, talvez porque atravessasse um surto de baixa popularidade, mas o fato é que não gostava de seu potencial sucessor. E Serra não era qualquer um. Como Ministro da Saúde havia, entre outras coisas, quebrado a patente dos remédios contra a aids e, certamente, salvado muitas vidas no Brasil e no mundo. FHC desprezou esse fato. Bom, Serra perdeu a eleição arrastado pelo tsunami vermelho que levou Lula à presidência.

Quatro anos depois, eis Serra prefeito de São Paulo, despontando novamente nas pesquisas para enfrentar Lula na reeleição. Um Lula combalido, diga-se, desgastado pelo mensalão e pelas denúncias quase diárias de escândalos em sua gestão. Mas quem tornou-se o candidato? Geraldo Alckmin, um político obscuro, conhecido apenas em São Paulo, que conseguiu emparedar Serra e até ameaçar Lula – qualquer um àquela altura abalaria o petista, ainda mais com a imagem em rede nacional da montanha de dinheiro que seria usada para comprar o dossiê fajuto do PSDB.

Alckmin deveria ser uma bomba. Foi um traque. Conseguiu levar Lula para o segundo turno. Mas parou por aí. Quando a derrota era certa, foi incapaz de defender as privatizações bem sucedidas do governo FHC e exibiu-se, ridiculamente, usando uma camisa com estampas das principais estatais do Brasil (Petrobras, Banco do Brasil, Caixa, etc.)

Vem a eleição de 2010, quando Lula não está mais na disputa, ainda que ansiasse um terceiro mandato, e o PSDB novamente desaba feito um castelo de cartas. Esperava-se unicidade em torno do nome de José Serra, mas o que se vê são declarações de FHC dizendo, por exemplo, que Serra tem poucas chances contra Dilma. Com amigos assim, para que inimigos, não é mesmo?

Enquanto isso, Lula, que já disse que seu "nome é Dilma", vai nadando de braçada, e levando uma desconhecida, arrogante e despreparada para o trono do Palácio do Planalto. A reação do PSDB é cômica. Indica como vice Alvaro Dias, o senador do Paraná, que não tem nada a perder porque o esperam mais quatro anos de mandato, e causa uma revolta entre os aliados.

A justificativa do PSDB é que, com a indicação de Alvaro, o partido conseguiria barrar a candidatura de Osmar Dias – irmão do senador – que está pronto para fechar uma coligação com PMDB e PT e lançar-se ao governo do estado, abrindo palanque para Dilma. Ora, ora. O Sul nunca foi problema para o PSDB. Há pesquisas que indicam que Serra detém 60% dos votos na região. A questão é da cintura para cima do país. No Norte, Nordeste e em Minas Gerais, onde, caso Aécio Neves fosse o vice, vitaminaria os votos do PSDB na disputa à presidência.

O blogueiro Reinaldo Azevedo, de "Veja", afirmou ontem (25), que o fato de Alvaro Dias ser um político do Sul pouco importa. Dilma nasceu em Minas, mas construiu sua "carreira" política em terras gaúchas. Lula nasceu no Nordeste mas ergueu seu palanque no ABC paulista. Blablablá.

A questão é que o PSDB chafurda em picuinhas internas, quando deveria estar unido em busca de uma chapa de nomes fortes que pudesse derrubar o lulo-petismo. Do jeito que vai (e, pelo jeito, não vai), o PSDB deve mesmo interpretar o cavaleiro de triste figuração das eleições anteriores.

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