EX-JORNALEIRO DE LEONEL BRIZOLA DECIDE O FUTURO DE OSMAR DIAS

Carlos Lupi, o ex-jornaleio de Leonel Brizola, manda, o PDT obedece e dança miudinho.


Osmar Dias segue o seu estilo. Vai esperar até a undécima hora para tomar sua decisão: "Fiz que fui, não fui, acabei fondo".

É de Carlos Lupi, ex-jornaleiro de Brizola, falecido em 2004, quem partiu a decisão de vetar a coligação de Osmar Dias (PDT) com o PSDB de Beto Richa. Não que isso entristeça o senador. Nesta quarta-feira (23), Dias pareceu contente ao registrar no twitter (@Osmar_Dias) a decisão do PDT nacional.
A questão que se coloca agora é a mesma que Dias vislumbrou, em 2006, quando foi sondado por seis vezes pelo governador Roberto Requião para ser o seu coordenador de campanha e, ao fim e ao cabo, decidiu disputar a eleição, tornando-se o principal adversário do peemedebista.
Até hoje esta história está mal explicada, assim como está mal explicada a decisão de Osmar Dias de indicar como vice Derli Donin, um político com passado e futuro mais sujo do que pau de galinheiro.
Em entrevista, o próprio senador admitiu que a escolha de Donin foi um erro e que costumava levar no bolso interno de seu paletó uma carta-renúncia do vice. O outro mistério nunca explicado é que o candidato a vice deveria ser necessariamente um político da capital, onde hipoteticamente Dias teria menos votos. As pressões dos partidos aliados, no entanto – o PP principalmente –, que temiam que Donin saísse candidato a deputado federal e roubasse a vaga de um dos velhos ocupantes da cadeira, empurraram-no para uma condição amarga e propensa a ataques, como de fato aconteceu.
Desta vez, Osmar Dias, que foi jocosamente apelidado de “Meias Kendall” em 2006 por conta de suas varizes que não o deixavam caminhar, agora abandonou a reunião do triunvirato de partidos (PDT/PT/PMDB), em Brasília, supostamente por ter sofrido uma queda de pressão (o que a assessoria nega).
É a novela mexicana que se repete desta vez como farsa e não como tragédia. Com as portas fechadas a mando do ex-jornaleiro de Brizola, Osmar Dias terá obrigatoriamente de abrir um palanque para Dilma Rousseff no Paraná ou ir catar coquinho nas fazendas de Tocantins.
Há duas alternativas que se colocam. Ou ele disputa o governo, tendo como vice um indicado do PMDB e Gleisi Hoffmann (PT) e Roberto Requião (PMDB) como senadores ou adota a improvável estratégia de apresentar-se como candidato avulso do PDT, tendo a seu redor duas ou três legendas nanicas a zumbizar à sua volta.
De qualquer forma, tudo caminha mais uma vez para uma definição tardia, bem ao gosto do senador. Fosse ele um jogador de futebol e faria aquela declaração clichê: “fiz que fui, não fui, acabei fondo”.
Não é de todo mal a decisão do ex-jornaleiro Carlos Lupi de vetar a aliança entre PDT e PSDB no Paraná. A mesma ladainha se repetiu há quatro anos, quando o PSDB do saidinho Hermas Brandão (quem?) logrou sair abraçado com o PMDB de Requião. Àquela altura, ganhou a contenda e ganhou a eleição.
A história se repete desta vez com o enredo invertido como afirmou Marx em “O 18 Brumário de Luiz Bonaparte”. Chato é ver um filme duas vezes com quase os mesmos personagens.