VOTO FACULTATIVO SIM, MAS COM CANDIDATO INDEPENDENTE
A "Folha de S. Paulo" publicou pesquisa no sábado (29) mostrando que o eleitorado brasileiro mudou e para melhor. Há dois anos, 53% dos eleitores eram favoráveis ao voto obrigatório ante 43%. Hoje esses números se equiparam em números absolutos: 48% a 48%. É o sinal dos tempos e a expressão de que nossa democracia, ainda que capenga, caminha para livrar-se dessa impostura getulista, que fora confirmada na jurássica carta constitucional de 1988.
Sou da mesma opinião. Vota quem quer. Apenas 30 países no mundo ainda obrigam a população a comparecer às urnas, a maioria deles expressão da vulgata esquerdista que grassa nos grotões desse mundão. Só que vou mais além. Creio que o voto facultativo e, portanto a liberdade (ou não) de votar, deve estar livre das amarras partidárias. Por isso sou favorável também ao candidato independente.
Nem vou entrar no filosofês que a "Folha" dedicou, no sábado, ao questionar se o voto é um direito ou um dever. Óbvio que é um direito, conquistado a duras penas, aliás. O chatotorix da Folha, no entanto, recorre ao filósofo Immanuel Kant para distinguir o que é agir "de acordo com o dever" ou "pelo sentido do dever". Blargh!
Os números estão aí: se o voto fosse facultativo ou não obrigatório, 55% dos entrevistados afirmam que votariam e 44% optariam por não votar. Ou seja, no domingo iriam ao zoológico dar pipoca aos macacos o que, convenhamos, é muito melhor do que votar em trogloditas da política.
A Constituição de 1988 obrigou os brasileiros alfabetizados entre 18 e 70 anos de idade a votarem compulsoriamente Só os analfabetos, os maiores de 70 anos e os que têm entre 16 anos receberam o benemérito do voto facultativo. Ora, por que as cotas não atingiram também os eleitores? 20% votariam em negros, 50% em pardos e 30% em brancos, amarelos, mamelucos, cafuzos e confúcios. Perfeito.
Estou pouco me lixando, por exemplo, para o fato da pesquisa afirmar que Dilma Roussef seria beneficiada com o voto não obrigatório. O que me dá engulhos é conferir a análise do cientista política da USP e ex-porta-voz de Lula, André Singer, que vê no apoio dos petistas à obrigatoriedade do voto (55% a 48%) um "ciclo virtuoso" quando deveria enxergar anacronismo militante.
Para que não paire dúvida sobre a minha posição, sou contra também os cinco anos de mandato defendidos por José Serra. É outra de suas artimanhas para agradar gregos e baianos. As regras quanto à duração dos mandatos são muito recentes para sofrer qualquer alteração. O mais correto é que não mudem nos próximos séculos. Os Estados Unidos da América só concordaram em mudar as regras quando Franklin Delano Roosevelt foi eleito para o quarto mandato. E a justificativa era óbvia: em democracia, alternância de poder é necessária.
De outro modo, a sucessão deste ano, ao menos do lado petista, deu mostras de que a máquina do governo funciona a pleno vapor mesmo quando o candidato não disputa a reeleição. Vide Dilma Roussef. Vale lembrar ainda que, quando a regra era de apenas um mandato, o prefeito de Sâo Paulo, Paulo Maluf, conseguiu eleger, como seu sucessor, o desconhecido Celso Pitta.
O senador Osmar Dias (PDT-PR), pré-candidato ao governo do Paraná, costuma bater em outra " bruxa eleitoral": as pesquisas. Em várias ocasiões, ele defendeu que as sondagens fossem divulgadas até 15 dias antes do pleito, ficando essa lacuna ao deus-dará. É outra incongruência. Há provas cabais de que o eleitor indeciso só opta por seu voto nos últimos dias de campanha. Além disso, os percentuais conquistados pelo candidato dificilmente migram de um para outro concorrente. Portanto, o que está em jogo são sempre os votos não confirmados. Daí as pesquisas serem extremamente necessárias para ajudar o eleitor em sua opção. O resto é perfumaria.
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