RICARDO TEIXEIRA CIDADÃO DE CURITIBA. PRECISAVA?
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira: mais "sujo do que pau de galinheiro", mas cidadão honorário de Curitiba.
Pouco importa quem foi o autor da ideia. É o de menos. O certo é que o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, será agraciado hoje (25) com o título de cidadão honorário de Curitiba.
Quando a seleção brasileira foi convocada por Dunga há dez dias, a pergunta que se fazia nos bastidores era a seguinte: afinal, quando vai acabar a Era Dunga? Eu gostaria de ampliar essa pergunta: afinal, quando vai acabar a Era Ricardo Teixeira?
Se os caros leitores repararem (todos os seis), entre todos os cartolas que permaneciam ad eternum no futebol, só Teixeira sobrevive. Onaireves Moura, o Severiano, permaneceu 23 anos à frente da Federação Paranaense de Futebol. Sumiu. Uns dizem que virou pastor em Balneário Camboriú, outros que gerencia um cassino no Paraguai. Eduardo Viana Caixa D´Água, dirigente da federação carioca, morreu quando já estava afastado temporariamente do comando da entidade. Dos "coronéis" do futebol, restou Teixeira.
E quem é Ricardo Teixeira? Nada mais nada menos que o genro do todo-poderoso João Havelange. Para efeitos didáticos, Havelange dá nome ao estádio do Engenhão, construído especialmente para o Panamericano, no Rio. Comparativamente, dada a ficha corrida de Havelange no futebol, seria o mesmo que colocar uma placa de bronze no Palácio do Planalto, inscrevendo no prédio o nome oficial de General Garrastazu Médici. Mas deixa pra lá.
Teixeira foi alvo de denúncias durante longo tempo. A "Veja" dedicou-lhe capa com o título "Futebol na Lama", a Globo foi até Miami onde constatou que ele era dono de uma suntuosa mansão e de gordos depósitos em paraísos fiscais. Instalou-se uma CPI do Futebol no Senado, presidida por Alvaro Dias (PSDB-PR), outra na Câmara dos Deputados denominada CPI da Nike, que não deram em nada. Sequer arranharam a imagem do presidente da CBF que, já àquela época, tinha um nome a zerar.
Os interesses econômicos falaram mais alto e a Globo julgou melhor silenciar para conseguir renovar os direitos de transmissão da Copa. Caso contrário, estaria ameaçada pela Record, então apostando todas as fichas no evento. Por um lado seria um alívio. Estaríamos livres do chatotorix Galvão Bueno (cala a boca, Magdo!).
A imagem mais fresca de Ricardo Teixeira é aquela que nos remete à comemoração do tetracampeonato. Eis um Teixeira evidentemente embriagado, xingando jornalistas. Eis um Dunga, famoso por matar a bola na canela e primar pelo melhor futebol botocudo na terra do futebol-arte.
Uns e outros resenhistas de futebol, aprovaram a escalação de Dunga, argumentando que o treinador era assim mesmo: mais ortodoxo que uma caixa de Maizena.
Lembraram que era com esse futebol de chutão e de carrinho assassino que o Brasil sagrara-se campeão em 94 e Dunga, que ganhou o apelido porque gostava do anão mudo e bobo-alegre, fora vilão e herói livrando-se da marca trágica da Era Dunga, em 1990.
Os mesmos críticos lembravam que o Brasil do futebol-arte havia naufragado em 1982, mesmo com craques da melhor estirpe. Há vozes discordantes. Ok, o Brasil foi derrotado pela Itália por 3 a 2, nas quartas-de-final da Copa da Espanha, mas não há quem não se recorde da escalação daquele time. Dá pra dizer o mesmo da equipe de 1994? Creio que não.
Arrisco-me a dizer que o Brasil jogou o seu pior futebol na pior Copa do Mundo que já houve. Jogos ao meio-dia para um público desinteressado em campos improvisados, destinados a latino-americanos e nada mais. Não é de admirar. Os Estados Unidos são a terra onde o futebol é solapado desde a palavra. Foot (pé) é jogado com as mãos. Ball (bola, esférica) é oval. Pior, gol é ponto. Não dá pra ser feliz.
Ainda assim, o Brasil foi tetracampeão na primeira decisão por pênaltis da história. Nada mais triste. Claro que nada disso ficou na memória afetiva de nossos torcedores. E nem poderia.
Agora vem os escribas do pébol afirmar que Neymar e Ganso não podem ser convocados porque não faziam parte dos planos de Dunga. Tsk, tsk. Por esse raciocínio, Garrincha jamais seria convocado; Tostão, aos 16 anos, teria afundado com a nau fracassada de 66 e Zagallo teria sido devidamente esquecido por Vicente Feola em 1958.
A favor do treinador, comenta-se o caso do Velho Lobo, que preteriu Dirceu Lopes, do Cruzeiro, em 1970, apesar do clamor popular, mas rendeu-se à convocação de Dadá Maravilha, o mais amado do General Médici. É a tal da politicagem que grassa no futebol.
E grassa também na CBF. Os curitibanos estenderam o tapete vermelho para que a seleção brasileira aportasse na capital. Foi um fiasco. Só ontem, Dunga e o insuspeito Ricardo Teixeira, tiveram uma atitude benemérita e permitiram que trezentos torcedores assistissem 14 jogadores da seleção correrem em torno do campo. Perto do público longe da bola. Esta sequer estava presente.
Foi um brinde aos anfitriões ou uma pérola aos porcos. É em meio a este cenário de ópera bufa que o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, recebe nesta terça-feira (25) o título de Cidadão Honorário de Curitiba. Eu não engoliria este sapo. Mas os vereadores acham necessário. Mas quem dá bola para nome de rua? Quem dá bola para título ou vulto emérito?
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