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O desenlace da Operação Harém levada a cabo pela Polícia Federal e denunciado, neste domingo (30), pela Folha de São Paulo" não chega a surpreender. Se há algo de cômico nesta história, e não deveria haver, é o de que o cliente apresentado, logo no início da reportagem, é um paranaense (provavelmente um político) disposto a sair com "alguém consagrado". O agenciador (há quinze deles agindo no mercado) lhe passa uma relação de modelos, dançarinas de programas de TV e ex-capas de revista masculina. Preço: de R$ 4 mil a R$ 6 mil. Afe!

Talvez o caso mais emblemático, no país, seja o da "atriz" e também modelo Lilian Ramos que, em 94, logo após desfilar em uma das escolas de samba do Rio de Janeiro foi convidada a fazer companhia ao topetudo presidente da República, Itamar Franco, que não escondia seus dons de mulherengo. O problema é que Lilian exasperada com a calcinha da fantasia, que a estaria machucando, resolveu tirá-la e cobrir o corpo apenas com um camisetão do carnaval.


Lilian Ramos, ao lado do presidente Itamar: mostrando a lalá, a lelé e a lili em rede nacional.

Quando os fotógrafos postaram-se para registrar o presidente ao lado da modelo, deliciaram-se com a visão. O presidente deu poucas explicações à época, não era de seu feitio. Lilian Ramos, contudo, aproveitou-se da fama repentina até que uma sombra se abateu sobre ela. Ela também faturava uns caraminguás como garota de programa. O jeito foi partir em exílio para a Itália.

Comenta-se que Vera Fischer, ao lançar o segundo volume de suas memórias, "Um Leão a Cada Dia", esteja também se preparando para revelar intimidades nunca dantes conhecidas, como o seu passado de pouca fama, de pornochanchadas e de programas sexuais que iam além, muito além dos seus dotes de ex-miss, modelo e atriz. Talvez ela repetisse a personagem Blanches Dubois de "Um Bonde Chamasse Desejo" e afirmasse, enigmática: "Eu sempre dependi da bondade de estranhos". Mas estamos entrando no terreno da especulação.


Vera Fischer, a nossa Blanche Dubois tupiniquim: "Eu sempre dependi da bondade de estranhos".

No caso da Operação Harém, a PF demonstrou que uma rede de agenciadores cooptou modelos, atrizes e dançarinas de programas de TV, oferecendo cachês de até R$ 20 mil. O que surpreende é que uma das que aceitaram a oferta tentadora foi uma mulher casada e com filhos. O resto é óbvio. Os principais clientes das "famosas" da TV seriam políticos, empresários e, claro, jogadores de futebol.

A reportagem da "Folha" obteve vários nomes de clientes e de garotas, mas como a prostituição não é crime, eles foram mantidos no anonimato. O estigma de maranfonas, no entanto, é inevitável.

Um dos agenciadores presos pela PF disse que foram enviadas mais de 50 mulheres para a África do Sul para agirem no entorno da concentração da seleção brasileira e de outras equipes rivais. "Elas assinam contratos para trabalhar como recepcionistas, recebem US$ 500 por dia, mas é tudo fachada", diz o agenciador.

Em 2002, quando cobri a Copa do Mundo da Coréia do Sul e do Japão para um jornal de Curitiba, pude presenciar, nos hotéis da seleção, o desfile de beldades que também tinham livre acesso aos elevadores vetados para a imprensa. Quanto aos andares onde ficavam os apartamentos dos jogadores é difícil dizer, mas Luiz Felipe Scolari, o Felipão, nunca fez questão de afirmar que ali estava reunida uma equipe de Congregados Marianos.

Dunga, gaúcho como Felipão, mas ideólogo da linha dura (e do instrumento mole), parece pensar exatamente o contrário. Sorte dele que não há Romários nem Ronaldos e Ronaldinhos na seleção, mas há Robinho, um discípulo e tanto segundo as más línguas.

Um vislumbre em algumas fotos da torcida que lotou os estádios no Japão e na Coréia dá bem a dimensão do que a torcida brasileira queria mostrar. Há um sósia de Ronaldo Fenômeno ao lado de duas beldades, mas há também mulheres querendo mostrar o melhor de sua comissão de frente. Claro, os fotógrafos brasileiros e a imprensa internacional se esbaldaram. Sexo tipo exportação. É a nossa marca. Queiram ou não os Dungas da vida.


Sósia de Ronaldo ao lado de duas garotas no jogo Brasil x Turquia: mamãe eu quero mamar.


Mulheres mostram a comissão de frente...


...em partida da seleção: sexo tipo exportação.