quinta-feira, 7 de outubro de 2010

VIVA TIRIRICA!


Propaganda eleitoral do palhaço Tiririca (PR), eleito deputado federal com 1,3 milhão de votos: Constrangido, Aluizio Mercadante (PT) mandou tirar seu nome. Azar. Pior que tava não ficou.

O caráter democrático da internet traz à tona o fato de que, quanto mais ela se dissemina, todos podem opinar sobre tudo. Ironicamente, no entanto, o produto disso é a opinião sobre nada.

Veja-se o caso do palhaço Tiririca. Eleito deputado federal pelo PR paulista com 1,3 milhão de votos, o comediante foi imediatamente demonizado. Há charges espalhadas pelos quatro cantos do globo, sem exagero, satirizando o coroamento de um Congresso Nacional que, virtualmente, cobriu-se com a lona do circo.

Os argumentos parecem convincentes. O PR do mensaleiro Valdemar Costa Neto investiu R$ 3,2 milhões na campanha da “personalidade” Tiririca e, assim, amealhar votos que arrastassem três ou quatro representantes da coligação. Oficialmente, o partido só confirma o investimento de R$ 516 mil, um valor evidentemente subfaturado no que foi uma operação bem urdida para eleger ao menos três candidatos que “penduraram-se” no comediante.

O delegado federal Protógenes Queiroz (PCdoB), envolvido na Operação Satiagraha, foi um dos beneficiados pela votação expressiva do palhaço, apesar de ter ficado tiririca com a associação ao seu nome. O que é, convenhamos, uma hipocrisia. O espetáculo protagonizado por Protógenes, juntamente com o ex-diretor-geral da Abin, Paulo Lacerda, se não causa gargalhadas, ao menos provoca um esgar patético (eu diria petético) de sua claque.

Protógenes obteve 94.906 votos quando seriam necessários 304 mil votos para garantir a cadeira. Tiririca encarregou-se de garantir-lhe os votos restantes. O mesmo ocorreu com o candidato do PRB (leia-se Universal), Otoniel Lima, que conquistou 95.971 votos, e Vanderlei Siraque, do PT, 93.314 votos.

Se a contagem carece de humor, acrescente-se então que sobraram a Tiririca ainda mais 150 mil votos para serem distribuídos aos demais membros da coligação, encabeçada pelo senador e candidato ao governo Aloizio Mercadante (PT), com toda a alegria pimpão.

Agora, atenção, respeitável público. Indignado com as piadas e os slogans do palhaço na propaganda eleitoral, piadas estas que foram criadas por um membro do grupo “Café com Bobagem”, o sisudo, o botocudo Mercadante julgou-se ofendido e mandou retirar sua imagem. Azar. “Pior que tava não ficou”. O petista foi para as calendas já no primeiro turno e Tiritica riu à toa, mesmo com seus poucos dentes.


Abaixo, Mercadante cumprimenta manequim. Acima, Marta "ameaça".

Se vale um parêntese sobre Mercadante, é a lembrança risível de que, em outras campanhas, ele chegou até a cumprimentar manequim. Quando, enfim, foi chamado à responsabilidade no episódio de cassação de Renan Calheiros, o senador petista, que cospe austeridade, foi o artífice da absolvição do peemedebista.

Se não crêem, oh homens de pouca fé, neste escriba, indaguem ao senador do PSDB (ex-PT) e agora vice-governador eleito no Paraná, Flávio Arns. Até hoje ele tem arrepios ao lembrar-se da votação ocorrida a portas fechadas no Senado Federal. E o palhaço é o Tiririca?

A esse episódio somam-se outros tantos. A absolvição dos mensaleiros, dos sanguessugas, o arquivamento da CPI dos Cartões Corporativos, a origem desconhecida do dinheiro dos aloprados, a blindagem de Ribamar Sarney, o homem que bigodeou o país e, em casos mais recentes, o escândalo da quebra de sigilo fiscal de tucanos e o tráfico de influência na Casa Civil sob as barbas de Lula.

Sob o circo do STF julgam-se, agora, o caso dos “fichas sujas” e eis que mais um Arrelia da política (com escusas ao Arrelia) pode surgir libertado das garras da lei e entronizado deputado federal. Trata-se do sempre risível – pelos piores motivos – Paulo Maluf (PP), o terceiro mais votado nas eleições paulistas, com 497.203 votos.

Se depois de tanta picardia política, o palhaço, ao fim e ao cabo, é o tal de Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca, semi-analfabeto e cantor de um só sucesso (“Florentina) que, em meio à miséria banguela do povo brasileiro, elegeu-se deputado federal, eis que sinto-me reconfortado.

Antes ele que Valdemar Costa Neto. Antes ele que José Genoíno. Antes ele que Roberto Jefferson. Antes ele que José Dirceu. Antes ele que Severino Cavalcanti.

Tiririca é o único palhaço que destoa no circo de horrores do Congresso Nacional. É um profissional em meio a amadores. Tomara que ele não chegue lá... no fundo.

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