quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O ABORTO ESTÁ NA PAUTA SIM, MADAME


Gleisi arrebita o nariz (um pleonasmo) e acusa: "adversários jogaram baixo na questão do aborto". Ah, Santo PT.

Gleisi Hoffmann, a Barbie recém-eleita ao Senado, arrebitou o nariz (um ato redundante) para dizer à Bandnews que a decisão pró-descriminalização do aborto, contido no programa do PT, é questão de foro íntimo. Não é não.

Se o tema foi discutido em congresso e aprovado, como afirmou o deputado federal André Vargas, por pressão de um grupo de feministas, torna-se público e questão obrigatória a ser defendida por seus representantes. É o tal do centralismo democrático. O que não dá é empurrar para debaixo do tapete como faz o PT nos escândalos financeiros e institucionais.

Afirmei, em post abaixo, que defendo o direito de Dilma defender o seu ponto de vista sobre o aborto. Ela fez isso em 2007, em sabatina na “Folha de S. Paulo” (vide alfarrábio), e no ano passado à revista “Maria Claire”, quando já era apresentada como candidata à sucessão de Lula.

Não dá para negar. Dizer que isso faz parte do “jogo sujo” dos adversários é balela. Comparar o caso às eleições de 1989 ou ao slogan “Eu tenho medo”, reverberado por Regina Duarte, em 2002, é esconder dinheiro na cueca.

O PT, aliás, usou da mesma tática ao acusar, em 2006, o PSDB de querer privatizar a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil e a Petrobras.

Para responder aos ataques, o então presidenciável Geraldo Alckmin apareceu trajando uma camisa cheia de logomarcas das estatais. Errou. Deveria defender a privatização. Não das estatais em questão, mas daquelas que são deficitárias e instrumento de barganha dos partidos aliados.

Foi nessa manjedoura de apaniguados que teve origem os principais escândalos da era Lula. Tome-se como exemplo a crise aérea. Se estivessem na direção da Infraero e da Anac, técnicos, e não gente com a mesma sapiência de um Tiririca, as imagens lamentáveis registradas nos aeroportos talvez não tivessem ocorrido.

Mas o governo lulo-petista não está preocupado com isso. Pobre não viaja de avião e pobre não declara imposto de renda (sigilo fiscal). Ora bolas, pobre também não lê jornal. Por que, então, o controle social da mídia? Respondo: porque a documentação do fato é inapelável.

E agora, como circunavegar a questão do aborto? Respondo também: fácil, basta inculpar a oposição. O problema não é do PT que se posicionou favorável do aborto em seu programa partidário, é do adversário, que supostamente fez com que a questão batesse à porta das instituições religiosas e provocasse a rejeição de Dilma entre cristãos e evangélicos.

O PT faria o mesmo? Claro que sim. Do programa do PV, por exemplo, consta a defesa da descriminalização da maconha e do casamento entre homossexuais. O PSDB, mais conservador, não trata do assunto. Mas se os Verdes apoiarem Serra, o PT, por linhas tortas, vai chegar lá. Não duvide. É do jogo eleitoral.


Dilma defende a descriminalização do aborto em sabatina, na "Folha", em 2007. Depois escapou eleitoralmente.

1 comentários:

Leona Fernandes 6 de outubro de 2010 às 18:45  

Marcus,

Excelente texto e clareza de ideias. Parabéns por abordar assunto tão polêmico. Temos que deixar de ser hipócritas. quando uma mulher quer abortar quer/precisa abortar isto vai acontecer. Então que o Estado tenha controle, saiba os números e inicie rapaidamente as aulas dde educação sexual nas escolas. Temos qeu enfrentar o problema e não fingir que ninguém está vendo o elefante no meio da sala...

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