quinta-feira, 8 de julho de 2010

A VERBA E A VONTADE DE COMER


"Estádio do Engenhão, no Rio: deveria custar R$ 180 milhões, custou R$ 350 milhões. Eu vou, eu vou, pra casa faturar, eu vou, eu vou..."

Coincidência ou não o projeto Arena Copel, que irá viabilizar financeiramente o término do estádio do Atlético, ganhou um empurrão nesta quinta-feira (8), se levada em conta a decisão da empresa de aumentar em 15% a tarifa de energia elétrica.

De acordo com a Copel, o reajuste atende resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mas cai como uma luva na ideia de financiar a construção do estádio, utilizando-se do farto dinheiro público.

O que o governador do Paraná, Orlando Pessuti, fez para dar uma “ajudinha” ao sonho da Copa 2014 foi autorizar o ajuste da Aneel de 3,65% (para residências) e somar a ele 11,03% que vinha sendo acumulado desde junho de 2009, o que perfaz os 15% anunciados.

Na ocasião, o então governador Roberto Requião proibiu o reajuste e determinou que fosse dado o desconto de 15% aos usuários que pagassem a conta em dia.

Caso os acionistas decidam aplicar o reajuste integral estará suspenso o desconto e aberta as portas da esperança para o projeto do deputado Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), na clássica parceria público-privada em que o público entra com o dinheiro e a privada entra, ora, com a privada.

No twitter, o ex-dirigente do Atlético, MC Petraglia (@petragliamc), não cabe em contentamento com a notícia. Se é pouco, há ainda a possibilidade de que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) venha a distribuir para cada estádio da Copa, R$ 400 milhões a fundo perdido.

Imagine. Se o orçamento para conclusão do estádio vislumbrava algo em torno de R$ 120 milhões, que tal um valor cinco vezes maior? Por isso a piada já corre solta na internet. “Calma, torcida brasileira, se não faturamos em 2010, vamos superfaturar em 2014”.

Nem é preciso dizer o que houve com o estádio Engenhão, que levou o nome de João Havelange – homem de grande envergadura do futebol brasileiro – que custou R$ 350 milhões em valores superfaturados. O orçamento inicial reduzia o preço a um terço. Mas o que fazer se a propina faz parte da tradição tupiniquim?

Se há algo a contradizer o projeto desenhado por Mário Celso Petraglia e corroborado pelo deputado Luiz Cláudio Romanelli (PMDB) – quem foi disse que política e futebol não se misturam? – é a decisão de Pessuti e também do prefeito de Curitiba, Luciano Ducci de, em hipótese alguma, investir dinheiro público em um estádio particular. Mas o que se fala, não se escreve. Pessutão anda mais alegre que pinto no lixo e Ducci parece cavalo em Parada de 7 de Setembro. O que virá daí são outros quinhentos. Ou melhor, quinhentos com 25% de acréscimo.

P.S.: Estão aí os que não me deixam mentir. Relatório do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, de março deste ano, apontou uma lista de 30 problemas no Estádio do Engenhão, que incluem infiltração em vários setores e problemas sérios com drenagem. Na relação, há partes mal construídas e marquises com fissuras Vale lembrar que, mesmo antes de ser inaugurado, um vento de apenas 50 quilômetros derrubou parte do muro da edificação. É mole?

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