REQUIÃO EM PELE DE LOBO, OSMAR EM PELE DE CORDEIRO
Osmar Dias (PDT) e Roberto Requião (PMDB), agora abraçados: pele de lobo aqui, pele de cordeiro ali.
A imprensa, imprensinha sequer tocou de leve na questão que envolve agora o "abraço fraternal" entre Osmar Dias (PDT) e Roberto Requião (PMDB) na chapa que os conduz – com o PT no rabicó – a disputar o governo do Paraná e o Senado, respectivamente. Há quatro anos, quando Osmar foi acometido por problemas de varizes e passou 15 dias em meias Kendall, Requião, então re-candidato, procurou-o seis vezes para que assumisse sua coordenação de campanha. Osmar ficou de pensar cinco vezes – atenção, cinco vezes! -, só então, já recuperado, assumiu a condição de candidato ao governo. O filme, na verdade, foi quase o mesmo exibido nas telas eleitorais neste ano.
Requião, então, fez o que sabe fazer melhor. Mandou uma equipe para Tocantins para filmar a fazenda de Osmar Dias e exibi-la no programa eleitoral. O que os perdigueiros procuravam era algum indício de trabalho escravo. Mas havia um problema: os enviados ao Norte do país atendiam pelo nome de Larry e Curly, dois patetas que, não só registraram imagens da fazenda errada, como trouxeram depoimentos que foram devidamente jogados no lixo.
Foi aí que entrou em cena o terceiro pateta: o próprio Osmar, que também atendia por Moe. Foi ele que se encarregou de chamar uma entrevista coletiva e mostrar as certidões negativas da fazenda. A equipe de Requião se esbaldou. A reportagem da revista "IstoÉ" – para onde o material foi enviado – mais ainda.
Fim do primeiro capítulo. O segundo foi o suposto flagrante do Caixa 2 de Osmar Dias em um quarto de hotel barato, próximo à Rodoferroviária, que conforme notícias vazadas oara a Bandnews e para um "jornal de aluguel" – o Hora H – continha uma mala com notas de 5 e 10 reais. Quaquaquá. Pelo jeito, eles iriam subornar paraguaios a R$ 1,99. O mais surpreendente é que a coordenação de campanha de Osmar achou por bem pedir segredo de Justiça ao caso quando deveria escancarar o golpe pimpão.
E se o "petardo" não desse certo, o Hora H já anunciava, em sub-manchete, que revelaria quem eram os mandantes do assassinato do deputado estadual Tiago Amorim, ocorrido em 2001 na cidade de Cascavel, no Oeste do Paraná. Provavelmente os fazendeiros da patota de Osmar. É mole?
Requião mostra, em rede nacional, que não tem muita intimidade com combustíveis alternativos. Ah, mamona é um excelente laxante...
O contra-ataque do pedetista se deu em bases mais sólidas. Ele utilizou imagens do YouTube mais do que reveladoras para mostrar como Requião costumava tratar a população do Paraná ("É casada, trai o marido?"), além de cenas vexaminosas em que ele deglutia sementes de mamonas altamente tóxicas ao lado do presidente Lula e diante das câmeras de todo o país. Pior, a piada correu o mundo.
Enfim eleito, por míseros 10 mil votos de diferença (quando dizia que a eleição seria "fácil"), Requião voltou a fazer o que faz melhor: atacou a imprensa e todos os seus adversários da undécima hora. No caso de Osmar Dias, fez chacota com o preço pago pela fazenda em Tocantins, dizendo que iria fazer um rateio entre o secretariado vassalo da "Escolinha" para oferecer um preço justo pelas terras.
Agora vem Osmar Dias, em pele de cordeiro, dizer que a reconciliação entre os dois inimigos viscerais, mas nem tanto, se faz pelo interesse do estado. Balela. Osmar tem um programa de poder – não de governo – e quer vê-lo realizado. Bateu o nariz nas ambições de Richa e teve que sujeitar-se a uma aliança que, em outras circunstâncias, lhe provocaria engulhos. Sim, vai servir de abre-alas para Dilma Rousseff no Paraná, mas é inegável sua amizade com José Serra. Tão inegável que, mesmo candidato, continuará a visitar o amigo regularmente em São Paulo. Como é que é? Amigos, amigos, negócio à parte.
Quanto a Requião, joga a sua última cartada. Eleito senador, preserva-se por longos oito anos, renováveis em escala vitalícia. Derrotado, vai para o xilindró, tal o número de processos que lhe pesam nas costas.
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