sexta-feira, 2 de julho de 2010

A CULPA É DO MICK JAGGER


Mick Jagger, dos Rollings Stones: ele torceu para o Brasil no jogo contra a Holanda: ó céus!

Que Dunga que nada. Imagine se, ao longo de quatro anos, depois de conquistar a Copa América e a Copa das Confederações, Dunga não seria o técnico ideal para conquistar o hexacampeonato na África do Sul?
Cessem as críticas. Ninguém mais seria capaz de escalar uma equipe com sete volantes, entre eles Felipe Mello, Elano, Gilberto Silva, Kleberson e Josué. Ou laterais do porte de Michel Bastos e Gilberto. Só Dunga, num estalo de genialidade, encontraria em Grafite o substituto ideal para o sempre encrencado Adriano, mesmo que ele tenha jogado menos de 20 minutos em uma partida amistosa.
Só um técnico com a habilidade profissional de Dunga, que fez carreira como volante matador, amortecendo a bola na canela e dando chutões no Y das traves, seria tão coerente com o ataque ao convocar um Kaká evidentemente bichado, deixando como regra três um meia de ligação com a habilidade e o talento de Ganso.
Dunga foi um divisor de águas na seleção brasileira, assim como a Era Dunga dividiu o futebol brasileiro na Copa de 90 entre o futebol-arte o futebol-brucutu. Nunca se viu tanta mediocridade em campo entre as seleções e estamos arriscados, se Argentina e Alemanha se anularem, a assistir uma final que reúna, ao som das vuvuzelas em flor, Gana e Paraguai, um clássico do futebol mundial.
Dunga deve ser isentado de responsabilidades, assim como deve ser isentado também a camisa rosa-salmão e o casacão de Brutus do Popeye que ele encarnou durante as partidas. Há que se perguntar se a filha do treinador foi quem escolheu o seu traje. Em caso afirmativo, que o espírito do perdão abençoe a ambos. Afinal, há muito ela não sabe o que faz. E nem ele o que veste.
Não fossem os amistosos da seleção com as equipes do Zimbábue, do ditador Robert Mugabe, e da Tanzânia e, provavelmente, seríamos todos uns miseráveis descrentes com o escrete canarinho. Sorte que vencemos. E bem.
A estreia contra a Korega, ops, Coréia do Norte, não foi lá essas coisas, mas toda estreia conta com o Imponderável ou o Sobrenatural de Almeida de que falava Nelson Rodrigues.
O atacante Luís Fabiano chegou a enxergar poderes paranormais na bola Jabulani. Mas estava errado. Se havia algum boneco de vodu, ele estava encravado nas arquibancadas, exposto na condição de ídolo de rock, atendendo pelo nome de Mick Jagger.
O líder dos Rollings Stones, sim, foi o culpado. Onde ele estava quando a seleção americana foi derrotada por Gana? No estádio, ao lado do ex-presidente dos EUA, Bill Clinton. Onde estava quando a seleção de seu país, a Inglaterra, foi eliminada em uma humilhante derrota por 4 a 1 para a Alemanha. No estádio, com ar blasè, distribuindo autógrafos aos torcedores.
Se faltava a cereja no bolo, eis Mick Jagger, na tarde de hoje, no Mandela Bay fazendo caras e bocas (muitas bocas) ao lado do filho Lucas, 11 anos, que trajava uma camisa do Brasil (por que não da Holanda? Da Nigéria? Do Íbis).
Quis o destino que Jagger estivesse ali no momento do gol do Brasil, quando estávamos prestes a gritar “O Brasileiro é Deus”, e, depois, na virada da Holanda, quando começávamos a batucar na caixinha de fósforo aqueles dois versinhos: “Tire seu sorriso do caminho. Que eu quero passar com minha dor”.
Jagger não tem a mínima ideia do que isso significa. Se soubesse, estaria a essa hora, no quarto de hotel, tentando compor uma canção que relacionasse o seu pé frio ou “cold foot” com o futebol inventado pelos ingleses. Claro, com duas ou três loiras ao seu lado. Única exigência: que vestisse um par de meias de lã. Talvez dois. Talvez três.

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