MALDITA JABULANI OU POR QUE ME AFANO DE MINHA ALEGRIA
Larissa Riquelme: ela prometeu desfilar nua em Assunção e, ai ai, inovou no porta-celular.
Larissa, ao lado de uma amiga na torcida paraguaia: ela é modelo, atriz e, adivinhe, deve posar para a Playboy.
A essa hora eu deveria estar bêbado em algum boteco desta Curitiba modorrenta, clamando pela última cerveja ao indesejado das gentes (o garçom FDP), enquanto cantaria baixinho, batucando na mesa de fórmica suja: "Tire o seu sorriso do caminho que eu quero passar com minha dor", um verso tão majestoso de Guilherme de Brito, só comparável a "Tu pisavas nos astros, distraída", de Orestes Barbosa.
Sim, eu liguei a televisão às 15h30 deste sábado, depois de lavar a minha alma muchacha com a derrota da Argentina para uma mistura de vodka com seleção alemã, e estava pronto para assistir aos espanhóis, com aquele futebolzinho que não encanta, derrotarem o Paraguai.
Desde que Solano López declarou guerra ao Brasil, em 1864, e tentou fazer com nosso país o que, de resto, os políticos e militares locais fariam por conta própria, que eu não me entusiasmo com o que vem de um republiqueta que faz música assoprando em bambus de vários tamanhos (o que denota o símbolo fálico), fabrica uísque envelhecido nas melhores latrinas, deposita total confiança em uma moeda chamada Guarani e ainda constrói casas com mandioca mastigada e regurgitada - técnica que nós, brasileiros, em uma demonstração de progresso, abandonamos desde o fim do século passado.
Mas eis que, no intervalo do joguinho chocho, vem a notícia de que uma beldade chamada Larissa Riquelme prometera desfilar nua em Assunção caso o Paraguai passasse à semifinal. Percebam. Nem precisaria chegar à final, uma vez que até há bem pouco tempo, os paraguaios praticavam o chamado pébol com bexigas de carneiro infladas até o limite.
Não sei se os jogadores ficaram sabendo da novidade, mas de repente começaram a correr mais em campo. E logo, o árbitro viu um pênalti a favor do Paraguai. Em meu êxtase, ouvi as vuvuzelas entoando uma suave Guarânia - se é que a Guarânia é suave - e um paraguaio cantando alguma coisa envolvendo cucaracha e hombre sincero. Só não esperava que o aborígene perdesse a cobrança. O horror.
Pior. Logo, em seguida, o juiz, em plena epifania, apitou outra penalidade. Desta vez, em favor da Espanha. Oh destino cruel. O jogador chutou e converteu, mas o árbitro acusou uma invasão. O jogador repetiu o pênalti e o goleiro - um pajé da tribo tokoku ou qualquer coisa, assim, pornográfica, desta vez defendeu. Foi um delírio.
Larissa Riquelme já entrava na lista das estupráveis da tribo Jeba e seus Cometas - muito popular nos presídios paraguaios - quando um espanhol chutou e a maldita Jabulani, caprichosamente, bateu em uma trave, bateu noutra e foi dormir no fundo da rede do gol paraguaio.
Era o fim do sonho. Para que os caros leitores (todos os seis) tenham uma ideia, estamos falando de uma Copa do Mundo realizada em lugar inóspito e habitado por povos primitivos, em que as únicas promessas de sexo se resumiam a um desfile em pelo de Maradona nas ruas de Buenos Aires - desaconselhável para estômagos fracos - e ainda a promessa de conjunção carnal de Carlos Bilardo, o dirigente de futebol argentino, com o autor do gol do título. (As más línguas andam dizendo que ele quer cumprir a promessa de qualquer jeito).
Entre essa e outras decepções (repare que a seleção brasileira sequer foi citada), surge Larissa Riquelme esbanjando as Jabulanis, a Vuvuzela e sei lá o que mais se puder pronunciar em zulu, desde que refira-se aos seus dotes anatômicos. Estou frustrado. A vida parece ter perdido o sentido. Será que matar o garçom é crime?
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