quinta-feira, 13 de agosto de 2009

JOSÉ CASTELLO 'ENSINA' A DIFERENÇA ENTRE HOMOSSEXUAL E HOMOERÓTICO

O jornalista e escritor José Castello, radicado em Curitiba há longo tempo (tempo demais, diriam os maldosos), é assíduo nos meios literários. Só o ombreia o chatotorix Miguel Sanches Neto. Não há sarau, chá ou angu em que ele não seja o palestrante ou o componente da mesa. E às vezes ele assume os dois papéis. Céus.

Nas edições mensais do jornal literário "Rascunho" - um esforço editorial que redunda em embrulho de peixe antes mesmo de ser lido - Castello está sempre presente. Ou dando pitaco ou, pior, concedendo entrevistas.

Castello foi jornalista da IstoÉ e escreveu o livro "Inventário das Sombras", em que debulha , entre outros personagens, Dalton Trevisan de uma maneira que o contista curitibano dispensaria. Da mesma maneira Sanches Neto que, dizem os daltonistas ganhou a alcunha de "hiena papuda" por escrever um livro intitulado "Chá das Cinco com o Vampiro", mas foi aconselhado a não publicá-lo. Não pelo que revelava (nada vezes nada), mas pela ruindade da obra (do verbo obrar)

Mas doutor, divago. Tratemos de Castello. O escritor/jornalista acaba de publicar na edição de agosto da revista "Bravo!", um texto (aqui) esquisito em que pergunta se há uma "estética homossexual" para, ao mesmo tempo, defender a inexistência do homossexualismo - pelo menos, como nós, réles mortais, o enxergamos

Diz Castello que o homossexual é só um personagem inventado pela psiquiatria no século XIX. O que existe são as relações homoeróticas, que define apenas a preferência pelo mesmo sexo, e não o "personagem imaginário que o senso comum arrola no clichê do "terceiro sexo".

A confusão argumentativa de Castello tem por base o lançamento de um livro do francês André Gide escrito em 1907, mas que só reapareceu agora, que traz o conto "O Pombo-Torcaz". No texto, Gide narra a noite memorável em que passou ao lado do jovem Ferdinand Pouzac em Toulouse. O "pombo" do título é Ferdinand, apelidado assim por "arrulhar" quando fazia amor.

Até aí, morreu Neves. E daí? Não há na longa ladainha de Castello nada que confirme se existe ou não uma estética homossexual? - título de seu artigo, nem mesmo argumentos que sustentem que o homossexual não é, de fato, um personagem imaginário.

Castello amarra Gide com Oscar Wilde e este com Marcel Proust, William Burroughs e Lúcio Cardoso - todos homossexuais - para sair do nada e chegar a lugar algum. Está claro que o "palestrante" Castello perdeu-se na lógica e na defesa de sua tese por si só esdrúxula.

A tal ponto que talvez seja preciso recorrer a Dalton Trevisan em "Rita, Ritinha, Ritona" para socorrê-lo. Diz aí Dalton: "Amintas! Amintas! Amintas!"

(Tem mais no post acima)

2 comentários:

Um cidadão na multidão 18 de agosto de 2009 às 17:54  

José Castello, meu caro Marcus Blogo, também é afeito a polêmicas, embora tenha aquele ar blazé que todo intelectual brasileiro que se preza carrega. Na revista Bravo do mês de maio, Castello assina matéria sobre o escritor Mario de Andrade e lá pelas tantas alfineta o crítico Curitibano Wilson Martins. Castello diz no texto ao falar do estilo Mario de Andrade: "A preferência pelo instável e pelo incompleto levou um crítico de índole conservadora como Wilson Martins a escrever: "Mário é um autor que está em segundo plano em todos os gêneros".

Como se vê, o mundo das letras também tem suas pendegas, e brabas.

Dostoiéviski Brasileiro 18 de agosto de 2009 às 18:00  

É por textos extravagantes e vazios como esses, que querem reinventar a roda, que deixei de assinar a revista.

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