sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

A QUE PONTO CHEGAMOS?

Reinaldo Azevedo, o blogueiro de "Veja", esteve em Curitiba há duas semanas para lançar "O País dos Petralhas" - livro em que espinafra os petelhos - e me contou em entrevista que enfrenta um processo sui generis. O autor de um livro não teria gostado de crítica negativa sobre sua obra publicada na finada revista "Primeira Palavra" e decidiu processar o diretor da publicação - no caso, o próprio Reinaldo.
É o cúmulo da judicialização. Essa gente devia ter coisa melhor para fazer. Me pergunto quanto dos processos que se avolumam nos fóruns judiciais não tratam de questiúnculas similares, que sequer deviam ocupar tempo nos juizados especiais.
Talvez seja preciso dar emprego e sustento aos inúmeros advogados despejados pelas faculdades de Direito a cada semestre em todo o país. Sim, porque há vestibulares de verão e de inverno - quiçá das quatro estações.
O caso do processo por resenha negativa é só uma das aberrações que sacodem essa era do politicamente correto. Há tempos me vi nas barras da Justiça por fazer um trocadilho com uma certa nativa da Ilha de Lesbos cujo nome era Xênia. Tasquei lá "xeniofobia" e me vi no limbo dos preconceituosos
Que mundinho sombrio é esse que, sob o pretexto da igualdade, obriga o ser humano a perder a capacidade de rir do outro assim como ri de si mesmo? Não pode mais piada de gay, não pode piada racista, não pode apelido jocoso nem epíteto qualquer. A palavra "mulato", por exemplo, é proibida no dicionário do politicamente correto porque faria uma referência à mula. Ora, se é esse caso, o verbo "judiar" deveria ser extinto da língua porque sua origem refere-se a judeus. Mas é preciso desprezar o dinamismo da linguagem para levar isso a sério. É coisa de insano e, no fim das contas, uma discussão vazia e obtusa. Tão obtusa quanto proibir estrangeirismos para não contaminar a flor do lácio, como quer o camarada Aldo Rebelo, deputado do PCdoB.
Ok, fôssemos seguir esse raciocíno e o futebol (cuja origem é foot-ball) seria conhecido como ludopédio. Um palavrão.
Durante o Estado Novo, o ditadorzinho Getúlio Vargas, tão laureado por nossos políticos, fez publicar índex de termos proibidos na imprensa. Entre eles, estava a palavra "amante". Amante do rádio? De jeito nenhum.
Se a Justiça pretende alimentar ações como essa, que no raso ferem a liberdade de expressão e de pensamento, só faz alimentar a picaretagem que grassa nos corredores da lei. Juízes, caiam fora dessa!

3 comentários:

Anônimo 14 de dezembro de 2008 às 12:18  

Excelente matéria, em pouco tempo teremos tabela de preços para comprar Juízes.

Guarda de filhos 20.000,00
Inocentar Assasinos: 30.000,00
Absolver Mensaleiros: 34% do valor do desvio.
E assim por diante.

Cadeião para todos eles !

Anônimo 16 de dezembro de 2008 às 17:53  

Todo patife se acha no direito - e no dever - de processar alguém.

Anônimo 17 de dezembro de 2008 às 14:44  

Nao seria Primeira LEITURA?

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