LOUCADEMIA DE ALOPRADOS

A presidenciável Dilma Rousseff antes e depois da reforma: programa de governo do PT ficou igualzinho.

Aquele jornal de Curitiba (sempre ele) que saiu, apressadinho, carimbando a caminhada de José Serra, em Curitiba, de desorganizada, deveria dar uma espiadinha no que anda ocorrendo no comitê central do PT.

Anteontem (5), apesar da pompa e circunstância dos petessauros, protocolou-se na sede do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), um programa de governo que, entre outras aberrações, prevê a tributação de grandes fortunas, a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas e, crème de la crème, o combate ao “monopólio dos meios eletrônicos” de comunicação, prato preferido do ministro Franklin Martins (Comunicação Social) e do secretário de Direitos Humanos, Paulo Vanucci, cuja ausência sempre preenche uma lacuna.

Em meio ao esquizofrênico e aloprado registro, assistiu-se uma trapalhada nunca dantes vista na história. A começar pelo aval por escrito da candidata Dilma Rousseff (PT), que rubricou todas as páginas e depois, sorrateiramente, alegou um erro administrativo afirmando que o partido levara ao TSE um “texto desatualizado”.

Reportagem da “Folha de S. Paulo”, contudo, mostra que o documento foi enviado de forma deliberada e que, se houve recuo, ele se deu devido a reações dentro do próprio comitê de campanha. Provavelmente secundado por galopes e relinchos vindos de um filme de western em exibição na TV.

Há quem já tenha batizado o comitê de Dilma Rousseff de “Loucademia de Aloprados”. E ele faz por merecer. Com as camisas vermelhas que Lula vem exibindo ao lado de Dilma, fica difícil não lembrar do bolivariano Hugo Chávez e suas estultices levadas a cabo na Venezuela. Há mais um condimento: o PT deveria saber que há uma repulsa ao vermelho por parte do eleitor, principalmente na região Sul do país.

Não à toa, o deputado Ângelo Vanhoni – candidato à prefeitura de Curitiba por três vezes – adotou como símbolo petista em sua campanha uma estrelinha amarela com cara e jeito de “picachu”. É mais um golpe que a “Loucademia de Aloprados” há de sofrer.

Quanto ao programa radical protocolado no TSE pelo PT, ele foi rapidamente retirado e, em seu lugar, registrado um outro cujo teor apenas suprime os pontos polêmicos ou faz pequenas alterações de redação no original.

E o que foi feito de Dilma? Bem, à petista, que tem se notabilizado por espetáculos eloquentes de constrangimento e vexame, só restou negar a defesa da redução da jornada de trabalho e alegar que as rubricas colocadas nas páginas do programa de governo foram colocadas de forma protocolar, sem que ela se desse conta do erro. Ou seja, assinou sem ler. Será que ela faria o mesmo com um cheque em branco para um aloprado?