UM EXERCÍCIO DE HIPOCRISIA
Foi só o conselheiro Maurício Requião ser afastado do cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Paraná, em decisão do STF, e os deputados da Assembléia saíram à cata de culpados.
Citar fulano ou beltrano seria fazer propaganda de gente que não merece um fiapo de respeito. Política e salsichas, melhor não saber como são feitas.
Fico com o presidente da Casa (aquele!), que, apoiado na Constituição Estadual, determinou o voto aberto na indicação do conselheiro, quando a Constituição Federal determina que o voto seja secreto. Ora, a Carta Magna, ao que se saiba - e os deputados não sabem - se sobrepõe a todas as outras leis.
Hipocrisil neles, cantou-se loas do voto aberto e de sua significação democrática. Quem disse isso? O voto secreto é, sim, legítimo. Não fosse dessa maneira, o eleitor subiria num caixote na zona eleitoral e gritaria o nome do seu candidato. E estaria, assim, sujeito às imposições e intimidações do 'coroné' da hora.
O que se discute paquidermicamente no Legislativo são situações que envolvem o julgamento ético de parlamentares. O voto, aberto, neste caso, seria o mais recomendável para evitar que o 'espírito de corpo' que, nesse caso, é de 'porco' esconda-se no anonimato. É simples e pontual.
Os hipocrilinos da Assembléia, com o presidente na comissão de frente, aprovaram o voto aberto em toda e qualquer circunstância, desprezando o fato de que, 'vereadores de luxo' que são, dependem das emendinhas individuais oferecidas pelo Executivo para nutrir o curral eleitoral e os votos que lhes garantem o mandato.
Nesse exercício franciscano do "é dando que se recebe" é natural e óbvio que sofram pressão para eleger, por exemplo, o irmão do governador no conselho do TC, que lhe garante, além das benesses e mumunhas, salário vitalício equivalente ao de ministro do Supremo Tribunal Federal.
Calçando as sandálias da humidalde e da Santa Inocência (haja inocência!), Justus Justíssimo, codinome do presidente da Assembléia, passou um sabão naquele deputado da Casa que, porventura, tenha votado constrangido em Maurício Requião, como afirmara um parlamentar da oposição. "Este não merece o mandato", afirmou, sempre naquele tom nobilíssimo porque, afinal, ele é um lorde.
Ora, basta recorrer ao Santo Google, este mais eficaz, e ler as notícias publicadas à época (junho-julho de 2008) que confirmam o tratoraço que cercou a indicação de Maurício Requião, entremeado também pelo embate judicial.
O intimidatório foi de tal monta que, ainda que a indicação fosse prerrogativa da Assembléia - e dois deputados se apresentaram para disputar o cargo, Durval Amaral (DEM) e Caíto Quintana (PMDB) - elegeu-se o secretário da Educação, por coincidência membro do Executivo, por coincidência Maurício Requião, por coincidência irmão do governador.
Santa Inocência.
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