segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O SOBERANO SE AFUNDA - 2

A safadeza veio na Medida Provisória 452, de 24 de dezembro de 2008, que autorizou o Tesouro Nacional (também conhecido como o meu, o seu, o nosso) a emitir títulos para custear as despesas do Fundo Soberano. Por que isso é uma safadeza? Eu explico.
Vamos para o velho exemplo de uma família que quer gastar. Ela pode usar os recursos que ganha com trabalho ou pode fazer dívidas. No caso do governo, ele pode forrar o Fundo Soberano com recursos públicos (ou seja, gastando menos do que se arrecada) ou fazendo dívidas e deixando a conta para alguém pagar. Nesse caso, a MP publicada de contrabando autoriza o Tesouro a emitir títulos para custear as despesas do Fundo Soberano.
Isso não é ruim, é péssimo. No início do Plano Real, em 1994, Estados e Municípios ficaram sem o dinheiro da inflação e quebraram. Os dois primeiros anos do governo Fernando Henrique foram dedicados a longas e dolorosas negociações com governadores para sanear as contas públicas.
Em 1996, o escândalo dos precatórios mostrou que a junção entre profissionais do mercado finaceiros dinâmicos e governantes criativos como o probo Celso Pitta e o probíssimo Paulo Maluf sempre acaba com o meu, o seu e o nosso chamados para cobrir o rombo.
Agora, depois que a sociedade brasileira amargou anos de juros altos e austeridade para sanear as contas públicas e começa a colher os frutos desse sacrifício, vem o governo e faz mais dívidas, de olho na eleição da ministra Dilma Roussef, a "mãe do Pac", em 2010. Se você tem alguma dúvida de quem vai pagar essa conta daqui a alguns anos, uma dica: vá até o banheiro mais próximo e olhe fixamente para o espelho.


 

(Publicado no Portal Exame)

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