quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

DA ARTE DE COLECIONAR INIMIGOS

Jornalismo é a arte de colecionar inimigos. Fiz muitos ao longo de minha carreira profissional. Nenhum deles digno de arrependimento. Por essas e outras não me surpreendi com telefonema, na semana passada, de um assessor de imprensa da prefeitura reclamando de nota em que havia sentado a pua no novo secretário de Comunicação Social de Curitiba, Marcelo Cattani.

Naquele horário, lagarteava ao sol em uma praia da Cocô Beach, no que gozava (se é que isso é possível) de merecidas férias. Longe, portanto, das picuinhas paroquianas da Curitiba bocó. Do outro lado da linha, o assessor se queixava especialmente de trecho em que eu afirmava que Cattani, um coxa roxo de outros tempos, convertera-se em atleticano por força de compromissos que assumira ao longo de sua carreira, especialmente com um senhor chamado Petraglia.

Cattani nega. O assessor nega. Mas é fato público e notório. Azar de Cattani que temos amigos comuns. E todos eles recordam-se do piá de prédio que editava um jornal de surf no Correio de Notícias, então dirigido por seu tio, Cícero Cattani, e que se dizia também um coxa desbragado. Mudou por quê? Por que mudou?

Pessoalmente não me interessa. Profissionalmente tampouco. A rivalidade entre as torcidas, no entanto, é suficiente para andarem dizendo por aí que o novo secretário tem um passado que o condena, tal como as mulheres de vida airada. Quaquaquá.

A piada, no entanto, para por aí. O tal assessor havia ligado com outra motivação. A de fazer-me ameaças. Perguntou-me sobre o blogo. Respondi que buscava um patrocinador. Ele se apressou, com grossa ironia, a sugerir o nome de Sylvio Sebastiani, um colunista da velha guarda que costuma fazer comentários nos blogs de política da capital com certa pimenta crítica, especialmente contra a prefeitura. A princípio, não entendi o recado. Ele prosseguiu. Sugeriu que eu fizesse um "blog da areia", aproveitando que estava na praia e me encontrava desempregado, e ainda recordou-me subrepticiamente, como é próprio das cobras peçonhentas, que os ataques a Cattani praticamente "fechavam" as portas da prefeitura para este jornalista sem eira nem beira.

Repito que estava perto da praia e longe do computador e, talvez por motivos etílicos, não pesquei as insinuações. Só quando retornei a Curitiba e fui ler os comentários do blogo percebi do que se tratava. Paulo Francis chamava esse tipo de gente de "canalha menor". Eu diria que o tal sofre de nanismo moral. É da prática e do convívio.

Nem no Nordeste, onde ainda vive-se à sombra dos coronéis em flor, há a presunção de que um cargo de assessor de Comunicação significa o supra-sumo da carreira de um jornalista. Em Curitiba é crença corrente. Não à toa, a imprensa chafurda em um provincianismo de dar pena.

Furto-me a entrar em detalhes . Mesmo com a campanha extremamente favorável a Richa, no ano passado, vigorou o jogo baixo na assessoria de Richa. O caso do "vazamento" da pesquisa do Vox Populi, já com a peleja ganha, e dos ataques sujos a repórter da Gazeta do Povo falam por si só.

De minha parte, fui ameaçado por certa dama de companhia , quando publiquei declaração atribuída a Richa, em que ele acenava com a possibilidade de disputar o governo do Paraná em 2010. Nada de novo no front. A afirmação é pública e notória tal como o passado coxa-branca de Cattani. Sobre futebol, aliás, há uma hipocrisia que rondou a assessoria de Richa quando o candidato tucano foi indagado para qual time torcia: "Londrina". Quaquaquá. Nem o peemedebista Carlos Moreira, que a princípio se recusou a admitir que o Coritiba era seu time do coração, foi tão caprichoso.

"Sou tua amiga, mas assim não dá", afirmou a tal dama de companhia na ocasião. Referia-se à matéria publicada no UOL por este blogueiro, em que utilizei informação do próprio assessor encarregado agora da intimidação à beira da praia. Na ocasião, a tal dama de companhia bancou a Rainha de Copas de Alice, gritando histérica: "Cortem-lhe a cabeça". Salvei o tipo faceiro lançando mão do velho sigilo de fonte, caro e precioso entre nós jornalistas. Talvez tenha sido um inconsciente ato sádico de minha parte. Queria ver aonde ele podia chegar. Fico satisfeito. Ele não me decepcionou.

4 comentários:

Anônimo 29 de janeiro de 2009 às 20:58  

É a vida Marcão, o senhor falou tanto bem do prefeito a vida toda, que os caras pensavam que não poderia criticar uma vírgula. Pior, vai ser sempre assim. Ninguém pode falar nada, absolutamente nada, contra o prefeito mais vitaminado do Brasil e seus assesores lindos e também vitaminados.

Fica Beto, fica!

Guilherme Voitch 31 de janeiro de 2009 às 23:51  

É bem típico dos Del boys!

Anônimo 2 de fevereiro de 2009 às 10:56  

Ainda não fiz nenhum inimigo. É um mal sinal?

Anônimo 8 de fevereiro de 2009 às 16:50  

Marcus, eu não costumo criticar, eu sempre conto fatos verdadeiros, histórias verdadeiras, se por acaso ferir alguém, não tenho culpa, é a verdade.Além do que tenho sempre provas documentais. Estou chegando aos 80 anos de idade e mais de 54 na politica do Paraná e desde 1982 estou na área de comunicação.Fui processado em 1975 quando era Presidente do MDB de Curitiba, pelo Presidente do MDB do Paraná, deputado José Mugiati, por eu ter solicitado documentos da eleição de 1974 ao TRE.Foi Arquivado.Na eleição seguinte ele não se elegeu ficando em 30° suplente.e fui processado em 1985 pelo advogado Giovani Geonedis, a mando do Jaime Lerner, por ter ajudado o Roberto Requião ser eleito Prefeito de Curitiba, infelizmente. O meu advogado foi Oto Sponhoz. Foi arquivado.Veja Marcus, que tudo que escreví, tudo que falei em rádio e televisão, com muita participação durante estes 27 anos, NUNCA FUI PROCESSADO! O atual Presidente da Assembléia Legislativa, Nelson Justus, em 1994, me disse uma coisa, eu relatei em entrevista na televisão, ele disse na mesma televisão que estava me processando, mas até hoje não recebí nenhum mandado.Alias, no ano passado ele telefonou duas vezes para mim, querendo um encontro amigável.

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