CRISTÓVÃO TEZZA E O COFRINHO DO ADHEMAR
Não é de espantar que o livro "O Filho Eterno", do catarinense radicado em Curitiba, Cristóvão Tezza, tenha ganhado mais prêmios do que leitores. É a triste sina de um Brasil em que as tiragens não passam de 3 mil exemplares, e quando estas são vendidas ganham a aura de best-sellers. Mais espantoso ainda é que, entre aqueles que leram o livro, tenha passado despercebido relato de sua passagem por Portugal em que Tezza cita implicitamente a ministra da Casa Civil e pré-candidata à presidência da República, Dilma Roussef (PT). Lá nas páginas tantas (139-141 para ser exato), Tezza conta que, em 1975, quando estava em Coimbra, recebeu religiosamente do cunhado militante do MR-8, que morava em Medianeira, no Oeste do Paraná, envelopes contendo notas de 100 dólares. O dinheiro, segundo o escritor, era parte dos US$ 2,6 milhões (uma fortuna agora e dantes) roubado do cofre do ex-governador de São Paulo, Adhemar de Barros, em outubro de 1969, por guerrilheiros de várias organizações clandestinas, entre elas a VAR-Palmares e a Colina, do qual Dilma fazia parte. A soma milionária estava na casa do irmão da ex-secretária e ex-amante de Adhemar de Barros, Anna Gimel Benchimol Capriglione, cujo codinome conhecido nos corredores do governo paulista era "Dr. Rui". Há uma episódio descrito por um jornalista policial em que Adhemar atende o telefone em seu gabinete e diz, sisudo: "Dr. Rui, como vai?... Um beijo, Dr. Rui". Quaquaquá. Tezza não nomeia ninguém. Nem mesmo Adhemar de Barros, falecido naquele mesmo ano antes do golpe ser levado a cabo. Por vias tortas, cita Dilma Roussef ("alguém que, trinta anos depois, será ministra de Estado"), mas descreve o caminho minucioso do dinheiro que abasteceu organizações de esquerda no Chile, na Argentina, na Argélia e, seis anos depois, foi desviado para outro fim que não a revolução socialista: manter o escritor em Coimbra ao longo de 14 meses. O cérebro do golpe teria sido Dilma Roussef, que, no entanto, não participou da ação propriamente dita. No dia 18 de julho de 1969, onze homens e duas moças subiram as ladeiras de Santa Tereza, no Rio, invadiram a casa, rolaram o cofre escada abaixo e descobriram depois, num "aparelho" instalado em Jacarepaguá, que haviam praticado o maior golpe do terrorismo mundial. O Dr. Rui nunca reclamou um centavo do dinheiro. Na versão oficial, o cofre estava vazio. O jornalista e escritor Elio Gaspari, que também poupa Dilma Roussef, mas inculpa Marco Aurélio "Top Top" Garcia, diz, ironicamente, que, "se o problema era dinheiro, o caminho para o socialismo encurtara". Convenhamos. Nem todo o ouro do Forte Knox salvaria o mundo imaginado pelos socialistas, que afinal era antes a praga do que a primavera dos povos. Em um livro intitulado "Contribuição à História da Esquerda Brasileira", que deve ter causado problemas de obesidade às traças, Marco Aurélio Garcia inverte o provérbio e diz que "o dinheiro não trouxe felicidade à esquerda brasileira". É mais uma prova de que o vazio de idéias do socialismo é crônico. Nem na tirada Garcia foi feliz. E o mensalão está aí para refutá-lo. P.S. 1: Ex-integrante de organizações de esquerda, o jornalista e escritor Fábio Campana disse recentemente a este blogueiro que a história de Tezza é mais ficção do que realidade. P.S. 2: Tezza ainda não comentou o assunto.
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